O Ministério da Justiça informou na tarde dessa quinta-feira que será aberto um inquérito pela PF (Polícia Federal) para investigar se foi praticado crime no Brasil relacionado ao suposto esquema de corrupção envolvendo a Fifa, entidade máxima do futebol mundial. A investigação, aberta a pedido do ministro José Eduardo Cardozo, e apurará possíveis práticas de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro. Na noite de quarta feira, horas depois da explosão do escândalo, um grupo de técnicos e membros do primeiro escalão do Ministério da Justiça se reuniu para discutir como tratar a apuração das fraudes na Fifa no Brasil.
Cardozo deve se encontrar nos próximos dias com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para conversar sobre o assunto. A investigação correrá na Superintendência da PF no Rio de Janeiro (RJ).
Mais cedo, antes de divulgar a solicitação de abertura de inquérito, Cardozo havia afirmado que a PF analisaria os fatos à luz da legislação brasileira e que a apuração seria feita. “É interesse do Brasil que tudo se esclareça.” A expectativa da pasta é que o governo norte-americano divida as informações que apurou para poder dar prosseguimento aos trabalhos da PF.
Atraso
Cardozo disse que “em hipótese alguma” o Brasil chegou atrasado na apuração dos crimes, e que “o país fará a sua própria investigação” sobre as denúncias de corrupção na Fifa, envolvendo a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). “O que eu posso afirmar é que, no Brasil, sempre que há indícios de irregularidades e de delitos, nós atuamos, a Polícia Federal tem atuado. E nesse caso, são as situações que ocorreram em país estrangeiro, por força de fatos que obviamente nós estamos sob sigilo em comentá-los. Portanto, o Brasil, ao tomar ciência de irregularidades possíveis, abre inquérito e investiga com rigor”, declarou.
O ministro disse que é “absolutamente legítimo” que o Congresso Nacional crie uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a CBF e o comitê organizador local da Copa do Mundo Fifa 2014. O Parlamento é autônomo para tomar suas medidas e “sempre que o Congresso decide, os representantes do povo decidem bem. Portanto vai tomar medida que acha correta”, salientou o ministro.
Ele evitou opinar sobre a possibilidade de os brasileiros serem extraditados para os EUA e declarou que não cabe ao governo brasileiro “prejulgar absolutamente nada”. “Vamos aguardar investigações para que possamos ter opiniões conclusivas a respeito”, afirmou.