Terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2022
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu que Seu Jorge foi alvo de ofensas racistas durante um show realizado em Porto Alegre, no dia 14 de outubro. O crime ocorreu no Grêmio Náutico União, onde o artista foi xingado de “macaco” e algumas pessoas imitaram o som do animal.
Após dois meses de investigações, a titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância informou que não conseguiu identificar os autores dos insultos e, por isso, ninguém foi indiciado.
A delegada responsável pelo caso, Andrea Mattos, disse que as imagens com a perspectiva da plateia e a pluralidade de vozes nos trechos de áudios impediram a identificação. “É perfeitamente possível que pessoas da própria plateia não tenham ouvido as ofensas racistas. Ao contrário das vaias, foram emitidas por uma pequena parcela e muito dispersa”, disse a delegada. A polícia avalia que havia cerca de 800 pessoas no clube.
Dezessete pessoas prestaram depoimento, incluindo o cantor, músicos, profissionais que trabalharam no evento, o presidente do clube e testemunhas. A prova testemunhal confirmou as acusações.
“A minha conclusão é que houve a materialidade, mas não temos uma pessoa física para atribuir a autoria dessas ofensas”, disse a autoridade policial.
O caso pode ter repercussão na esfera cível, pois o clube não será responsabilizado criminalmente.
Entenda o caso
O cantor Seu Jorge foi alvo de ataques racistas durante uma apresentação no clube Grêmio Náutico União, em Porto Alegre (RS), no dia 14 de outubro. O artista foi contratado para realizar um show em comemoração à reinauguração de um salão do clube e o crime teria ocorrido enquanto ele e a banda se preparavam para o “bis”.
As denúncias surgiram pelas redes sociais, após internautas que teriam estado presentes no evento afirmarem que parte do público teria gritado ofensas depois de o músico convidar um jovem negro para tocar no palco.
Depois disso, ele teria feito um breve discurso contra a redução da maioridade penal e em defesa de jovens negros de comunidades brasileiras, o que teria sido a motivação para as injúrias raciais.
Em um dos relatos, uma pessoa diz que foram feitos sons de macaco e que alguém teria gritado palavras como “vagabundo” e “safado”.
Após a repercussão do ocorrido, o Grêmio Náutico União publicou uma nota oficial, afirmando que iria “apurar internamente os fatos” e que, se comprovado o crime, os “envolvidos seriam responsabilizados”.
Três dias depois das injúrias, o cantor Seu Jorge utilizou as redes sociais para comentar os ataques racistas que sofreu durante a apresentação no clube Grêmio Náutico União. Em vídeo intitulado “Meu Rio Grande do Sul” e com a bandeira do estado ao fundo, o artista relatou como tudo aconteceu, destacou o desencanto com a capital “que aprendeu a amar” e conclamou todos a uma luta antirracista.