Quarta-feira, 16 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de abril de 2025
A Polícia Civil deflagrou nessa segunda-feira (14) uma nova fase de operação contra estelionato praticado por falsa auxiliar de enfermagem em hospital de Canoas (Região Metropolitana de Porto Alegre) para desviar dinheiro de pacientes. Uma das vítimas perdeu cerca de R$ 60 mil. O foco da investigação agora é o possível envolvimento de organização criminosa no esquema.
Ao menos nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Porto Alegre, Alvorada e Arroio dos Ratos, com o objetivo de coletar mais provas. Os casos entraram na mira da corporação em agosto do ano passado, quando uma mulher lesada pelo golpe procurou as autoridades.
Trata-se de uma mulher que tinha sua mãe internada na instituição de saúde. Ela contou ter sido abordada pela suposta profissional de enfermagem, com quem acabou estabelecendo relação de confiança entre ambas. Em determinado momento, a golpista perguntou se a paciente havia recebido auxílio do governo: diante da resposta negativa, ofereceu-se para ajudar nos trâmites para solicitação do benefício.
Sem desconfiar de que estava caindo em um golpe, a mulher cedeu seu cartão bancário à estelionatária, que então “raspou” a conta-poupança da vítima. O crime não parou por aí: utilizando informações pessoais que recebera de boa-fé, ampliou o limite de crédito da filha da paciente e obteve um empréstimo de aproximadamente R$ 60 mil, desviado para contas de terceiros.
Com prejuízos financeiros e emocionais, a vítima apresentou denúncia e a falsa enfermeira foi presa em flagrante naquele mesmo mês. As investigações levaram à descoberta, na casa da golpista, de diversos itens falsificados, tais como receituários médicos, carimbos de profissionais de saúde e documentos utilizados para simular o exercício de cargos diretivos em hospitais.
Morte simulada
Os agentes também encontraram no endereço um atestado de óbito forjado para simular a morte de Maicon Donizete Pires dos Santos, o “Red Nose”. Trata-se de um dos criminosos de maior periculosidade no Rio Grande do Sul e cuja ficha-corrida abrange homicídio, tráfico de drogas e organização criminosa. Ele atualmente cumpre sentença na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC).
Esse atestado, com carimbo e assinatura de uma médicos do hospital, descrevia a causa fatal a “falência múltipla de órgãos” e mencionava “um paciente que havia sido encaminhado da penitenciária com um histórico criminal extenso, que incluía homicídios e tráfico de drogas”.
A ficha era de um indivíduo conhecido como líder de organização criminosa gaúcha e com histórico de 12 homicídios. O “desconfiômetro” da Polícia, no entanto, foi acionado pelo fato de o dia da morte do criminoso informada no registro coincidir com a data de seu alvará de soltura.
Quando procurada, a médica que supostamente atestara o óbito mostrou que a rubrica em questão era falsa. Além disso, ela jamais havia trabalhado na instituição hospitalar mencionada.
Outro indivíduo, apontado como principal destinatário dos valores obtidos com o esquema, foi preso na quinta-feira passada (10). Acusação: envolvimento em esquema de agiotagem (empréstimo de dinheiro mediante cobrança de juros abusivos).
(Marcello Campos)
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