No Rio de Janeiro, agentes da 10ª DP, em Botafogo, investigam um novo golpe nas redes sociais. Trata-se de uma página no Facebook cujos administradores cobram R$ 1,3 mil com a promessa de agendar abortos em consultórios do Rio. Na ação, os criminosos se aproveitam de nomes e endereços existentes de médicos, que descobrem estar no meio da história apenas na data e na hora supostamente marcadas. Ao chegarem no consultório, os clientes constatam que foram enganados pela página “Clinica Aborto Seguro”.
A Polícia Civil confirmou nesta segunda-feira que o delegado Tarcísio Jansen conduz a investigação. Um dos médicos que teve o nome indicado no esquema explicou que registrou ocorrência na 10ª DP e no Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio). O primeiro caso ocorreu em janeiro de 2017. Ele recebeu um casal que alegava ter agendado uma consulta com ele por e-mail depois de contatar a página.
Após o pagamento do boleto de R$ 1.310, os dois, que desejavam abortar, foram informados que o médico tinha convênio com a página e que os atenderia em 11 de janeiro. O valor pago cobriria os custos da consulta e do procedimento de aborto, que seria realizado durante o mesmo atendimento. Mas o profissional não tinha esse registro na agenda nem oferecia o serviço.
De lá para cá, contou o médico, mesmo depois de registrar queixa na polícia, recebeu outras duas pacientes com relatos semelhantes. A página entrou no Facebook em 1º de setembro de 2012 e costuma compartilhar conteúdo em defesa do direito de interromper a gravidez. “Clinica aborto legal e seguro. Contra criminalização, a favor dos direito feminimos sobre seu corpo”, explicam os administradores na autodescrição da plataforma.
Em sua página na internet, o Cremerj alertou a população e os médicos sobre o golpe. O conselho recebeu denúncias de profissionais sobre a página falsa no Facebook. “O administrador tem usado, fraudulentamente, informações de uma fundação internacional e aplicado golpes na população. A página ainda tem usado de forma inapropriada e falsa nomes de médicos”, explicou em nota. A entidade, que ressaltou estar “acompanhando o caso criminoso”, pede que os colegas mencionados ou avisados reportem a ocorrência.
O médico também alertou para a necessidade de denunciar o grupo criminoso, já que as pacientes enganadas não costumam registrar queixa por aborto ser crime. Com isso, ele complementa, cada vez mais outras angustiadas caem no golpe. (AG)