Após cinco meses de investigações, quatro pessoas foram presas na manhã desta sexta-feira (28), em uma operação contra uma rede de lavagem de dinheiro montada por um facção sediada no Vale do Sinos. A investigação revelou que a organização criminosa envolvida nos crimes movimentava em torno de R$ 500 mil por semana. Os alvos principais da ação são dois integrantes que já estão recolhidos ao sistema prisional.
Um dos líderes das facção está preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC) e seria o responsável por utilizar uma rede de laranjas, montada com familiares e comparsas sem antecedentes criminais, para ocultar bens adquiridos com dinheiro do tráfico internacional de drogas e sua distribuição interna no Rio Grande do Sul. O criminoso possui antecedentes por tráfico de drogas, associação para o tráfico, latrocínio, roubos, homicídios, associação criminosa, organização criminosa e porte de armas.
O outro suspeito, identificado como líder regional da organização em Campo Bom, cidades do Vale do Paranhana e Serra Gaúcha, era responsável pelas operações logísticas de entrada de drogas e armas no estado e mandante e executor de homicídios nestas regiões. Ele possui condenações criminais que ultrapassam a 70 anos de prisão, com 13 indiciamentos por homicídios e tráfico de drogas. Segundo as investigações, ele também é associado a outro líder situado no Vale do Taquari e Rio Pardo, que está preso na Penitenciária Federal de Mossoró, que também possui antecedentes por tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico, organização criminosa, associação criminosa, roubos e latrocínio, com condenações que ultrapassam a 56 anos de pena.
A investigação também apontou que a organização possui pequenas empresas com objetivo de aparentar receber dinheiro lícito e movimentar grande quantidade de dinheiro em espécie. Além disso, ela atua diretamente nos jogos de azar e utilizando milícias para realizar extorsões de contraventores e comerciantes e contrabando de cigarros. Segundo a polícia, o grupo foi responsável pela maior parte das operações logísticas de entrada de cocaína no Rio Grande do Sul na última década e a estimativa é de que, por ano, toneladas da droga entraram no estado através desta facção. Foram confirmadas rotas de entorpecente trazidos de outros países, entrando pelo Amazonas e Paraguai, possibilitadas por vínculos com outro grande grupo criminoso do Brasil.
Durante a operação, foram cumpridas 87 ordens judiciais em São Leopoldo, Novo Hamburgo, Campo Bom, Porto Alegre e Lajeado. Entre as ordens estão 23 mandados de busca e apreensão, cinco prisões temporárias, bloqueio de sete contas bancárias, sequestro de cinco imóveis de luxo avaliados em cerca de R$ 5 milhões e 47 quebras de sigilo bancário, fiscal e financeiro. Além dos presos, foram apreendidos celulares, documentos e dinheiro.