Policiais do Equador usaram a força para invadir nessa sexta-feira (5) a embaixada do México em Quito e prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que estava refugiado no local desde dezembro. A invasão ocorreu no mesmo dia em que o México concedeu asilo político a Glas, decisão que aprofundou a tensão diplomática entre os dois países.
“O Governo Nacional informa à população que Jorge Glas Espinel, condenado a uma pena de prisão pela Justiça equatoriana, foi detido nesta noite e colocado à disposição das autoridades competentes”, declarou o gabinete do presidente do Equador Daniel Noboa.
O presidente do México reagiu imediatamente e rompeu relações diplomáticas com o Equador. López Obrador publicou em rede social que a medida foi uma “violação flagrante do direito internacional e da soberania do México”. A imprensa equatoriana mostrou a entrada de policiais na embaixada, enquanto integrantes das Forças Armadas acompanhavam a operação do lado de fora.
Jorge Glas foi alvo de uma condenação a seis anos de prisão por corrupção em um caso que envolve a Odebrecht e a Lava Jato brasileira. O ex-vice de Rafael Correa é acusado de desviar dinheiro público usado na reconstrução de cidades atingidas por um terremoto. Segundo a defesa, a acusação é fruto de lawfare (uso ou manipulação das leis e procedimentos legais como instrumento de combate e intimidação a um oponente) contra o ex-vice-presidente.
O chefe do Ministério das Relações Exteriores e Assuntos Políticos da Embaixada do México em Quito, Roberto Canseco, disse que Glass está sendo perseguido e relatou que os policiais o agrediram durante a invasão da embaixada. “Me jogaram no chão. Tentei impedi-los fisicamente de entrar, mas como criminosos eles invadiram a embaixada mexicana no Equador. Isso não é possível, isso não pode ser, é uma loucura”, disse Canseco à imprensa equatoriana.
Provas anuladas
Jorge Glas ficou preso durante cinco anos após ser condenado no caso Odebrecht. A esquerda no país denuncia que a prisão foi parte de uma campanha de lawfare contra integrantes do governo de Rafael Correa. Junto com Correa, Glas foi condenado em abril de 2020 no que ficou conhecido como “Caso Subornos”. Segundo a acusação, funcionários do governo aceitaram propina de empresas privadas em troca de contratos públicos.
Sem provas do envolvimento direto de Glas e Correa, ambos foram acusados de “influência psíquica” sobre os suposto envolvidos. Correa foi proibido de participar da política por 25 anos.
Em agosto de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou provas fornecidas pela Odebrecht contra Glas. Os processos envolvendo o político eram baseados em informações da operação Lava Jato.
As informações são do Brasil de Fato.