Em mais um caso de feminicídio no Estado, a advogada Maria Elizabeth da Rosa Pereira, presidente da Agergs (Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul) foi assassinada em Porto Alegre na manhã desta sexta-feira (17), aos 65 anos. Segundo a Polícia Civil, ele recebeu um tiro do companheiro, policial militar da reserva, em uma casa no bairro Partenon (Zona Leste).
Vizinhos haviam ouvido disparos na residência do casal, localizada na na avenida Bento Gonçalves, próximo ao campus da PUCRS (Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), e acionaram a polícia. Agentes acabaram invadindo o local, onde encontraram Maria Elizabeth baleada nas costas e o companheiro, José Pedro da Rocha, 50 anos, com um disparo efetuado contra a própria cabeça. Ele foi hospitalizado em estado grave no HPS (Hospital de Pronto-Socorro).
Uma pistola foi apreendida pela BM (Brigada Militar) e encaminhada para perícia. Conforme a titular da Delegacia da Mulher, Tatiana Bastos, a advogada chegou em casa por volta das 20h e relatou a um irmão do policial que Rocha não queria tomar um remédio contra crises de epilepsia – ele estava agitado e costumava ficar depressivo quando não ingeria a medicação.
Trajetória
Natural de Cachoeira do Sul, com um filho e dois netos, Maria Elizabeth desenvolveu uma extensa e bem-sucedida carreira no setor público. Foi técnica tributária da Secretaria Estadual da Fazenda durante quase 30 anos, diretora-geral e secretária-adjunta da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (2015-2017) e diretora do Procon-RS (2017-2019).
Também desempenhou atividades na Secretaria Extraordinária de Reforma Agrária e Cooperativismo, como diretora administrativa e financeira, diretora-geral substituta e chefe de gabinete. Na PGM (Procuradoria-Geral do Município), foi chefe de gabinete, procuradora da Equipe de Pessoal Estatutário, membro do Comitê de Política Salarial do Município e da Equipe e Ingresso de Afrodescendentes. Ela comandava a Agergs desde dezembro.
Manifestações
No final da manhã, o Palácio Piratini emitiu nota de pesar sobre o falecimento da dirigente. Assinada pelo governador Eduardo Leite, o texto ressaltou o trabalho desenvolvido por Maria Elizabeth:
“O governo se solidariza com familiares, em especial o seu filho, Thiago, e os netos Eike e Eduarda, amigos e colegas de trabalho, e reforça o agradecimento pelos serviços prestados à sociedade gaúcha ao longo da sua trajetória no serviço público. A sua atuação ficará marcada pela determinação e pela força com que enfrentou todos os desafios que assumiu no Estado”.
A Agergs também se manifestou, por meio de seu site: “Maria Elizabeth era uma mulher forte e determinada e pelos poucos meses que esteve à frente da Agergs, teve uma grandiosa e significante passagem com determinação e muitos planos de efetividade para a Agência e para o Estado do Rio Grande do Sul. Vai deixar uma lacuna e muita tristeza em toda a equipe de trabalho, conselheiros e diretoria”.
No final da tarde, foi a vez de a seccional gaúcha da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) expressar repúdio pelo incidente, por meio da CMA (Comissão da Mulher Advogada). “É inadmissível e injustificável a morte de mulheres em razão de seu gênero”, ressalta um trecho do comunicado. “Neste caso específico, uma mulher advogada, reconhecida pelos relevantes serviços prestados à sociedade gaúcha, teve sua vida ceifada.”
(Marcello Campos)