As polícias de São Paulo e do Rio de Janeiro e o Exército ainda procuram as últimas quatro das 21 metralhadoras antiaéreas que foram furtadas em setembro, em um quartel em Barueri, na Grande São Paulo. Segundo o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, elas iriam para facções criminosas paulistas e fluminenses.
Até o momento, 17 das 21 armas desviadas do Arsenal de Guerra da cidade foram encontradas e recuperadas pelas polícias. O desaparecimento das 13 metralhadoras calibre .50 (que derrubam até aeronaves) e oito metralhadoras calibre 7,62 foi detectado no dia 10 de outubro durante inspeção no paiol. Segundo a instituição, as armas são “inservíveis” e estavam passando por manutenção.
Desde então, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) investiga o caso internamente e confirmou o envolvimento de três militares no crime. Parte desse grupo suspeito, que já foi identificado, está entre os cerca de 160 militares “aquartelados”, proibidos de deixarem o quartel em Barueri.
Na última quinta-feira (19), oito metralhadoras (quatro delas calibre .50 e as outras quatro 7,62) foram encontradas abandonadas pela Polícia Civil fluminense na capital do Rio de Janeiro. Na sexta-feira (20) mais nove armas (cinco .50 e quatro 7,62) foram localizadas, dessa vez pela Polícia Civil paulista, em São Roque, no interior de São Paulo.
Agora, as autoridades das forças de segurança e das forças armadas procuram as quatro metralhadoras que restam, todas calibre .50.
Facções criminosas
Segundo o Instituto Sou da Paz, as 21 metralhadoras furtadas do quartel em Barueri representam o maior desvio de armas da história do Exército brasileiro desde 2009, quando sete fuzis foram roubados e depois recuperados pela polícia de um batalhão em Caçapava, interior de São Paulo. Suspeitos foram presos à época, entre eles um militar.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, o serviço de inteligência da Polícia Civil de São Paulo identificou que todo o arsenal furtado do quartel em Barueri tinha como destino o Comando Vermelho (CV), no Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), que atua principalmente em território paulista.
“Elas [as metralhadoras] tinham endereço certo. A informação que se tem é que tanto Comando Vermelho quanto PCC seriam os destinatários finais desse armamento”, disse no sábado (21) Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública.
Exoneração
Por causa do desaparecimento das armas, o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, diretor do Arsenal de Guerra, foi exonerado na semana passada pelo Exército. Ele será transferido para outro quartel e continuará na ativa. Em seu lugar, assume o novo diretor, o coronel Mário Victor Vargas Júnior, que comandará a base em Barueri.
Por meio de nota, o Comando Militar do Sudestes (CMSE) do Exército informou que as nove armas foram recuperadas numa ação conjunta com com a Polícia Civil de São Paulo.
“O Comando Militar do Sudeste informa que na madrugada do dia 21 de outubro foram recuperadas mais 9 (nove) metralhadoras, sendo 5 (cinco) calibre .50 e 4 (quatro) calibre 7,62 (totalizando 17 armamentos), fruto de uma ação integrada do Exército Brasileiro com a Polícia Civil do Estado de São Paulo. Todos os esforços estão sendo envidados para a recuperação total dos armamentos subtraídos”, informa comunicado enviado à imprensa pela assessoria do CMSE.