Terça-feira, 15 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 13 de abril de 2025
O bilionário Jorge Paulo Lemann, 85, afirmou neste sábado (12) que a política comercial adotada pelo presidente Donald Trump está confusa “demais para o seu gosto”.
“Eu acredito em causar um pouco de disrupção, em sacudir as coisas. E certamente estamos sacudindo, mas acho que estão sacudindo um pouco demais. E, bom, ninguém realmente sabe o resultado. Tem que ir navegando”, afirmou o sócio do 3G Capital.
A declaração foi dada durante o Brazil Conference, evento organizado por estudantes brasileiros do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e de Harvard, em Cambridge. O empresário e investidor participou de um painel no qual conversou Brad Jacobs, CEO e criador da XPO, empresa de logística que presta serviços para gigantes como a Amazon e a Apple.
Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos, Trump tem empreendido uma guerra comercial com a imposição de tarifas sobre produtos estrangeiros e taxas globais (hoje, todos itens de todos os países são alvo de uma alíquota de 10%, e a China, de 145%).
Para Lemann, a ação de Trump pode ter um resultado razoável, mas ao mesmo tempo muito disruptivo.
“Vamos ter que esperar um tempo para ver. Mas ainda acredito muito nos EUA, na filosofia daqui e em todos os empreendedores que vocês têm nos EUA”, disse.
Por fim, afirmou acreditar que “vai acabar tudo bem”, mas “ninguém sabe exatamente”.
O assunto foi levantado pela deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que questionou Jacobs sobre o que achava da política de Trump. O empresário disse que, para quem sabe navegar com “volatilidade”, pode ser um bom momento para investimentos e, em seguida, fez a pergunta ao empresário brasileiro.
Lemann é um dos homens mais ricos do Brasil. A fundação do bilionário é um das principais patrocinadoras do encontro.
Nesta edição, Lemann não citou diretamente o escândalo na Lojas Americanas e nem foi questionado sobre o tema —ele não quis dar entrevistas. O empresário falou apenas na necessidade de melhorar algumas das suas companhias.
“Meu sonho agora é fazer com que as empresas com as quais estou envolvido continuem, sejam muito bem-sucedidas. Algumas delas estão indo bem. Algumas poderiam ir melhor. Estou tentando melhorar como elas se saem”, disse, ao ser questionado por Brad sobre suas ambições.
A participação ocorre depois de o MPF (Ministério Público Federal) ter denunciado, no final de março, 13 ex-executivos e ex-funcionários da empresa sob acusação de fraude. O trio de referência da empresa, Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, não está entre os denunciados.
No ano passado, ao participar da mesma conferência, Lemann comentou a crise e disse que os últimos dois anos não haviam sido de “muito sucesso”.
“No geral tive sucesso nos negócios, mas os últimos dois anos não foram de muito. Tivemos uma crise em uma das nossas empresas [Americanas], a primeira que compramos, com uma fraude contábil. Estamos lidando com isso. São 30 mil funcionários e temos de tentar salvar a companhia”, afirmou. As informações são do portal Folha de São Paulo.