Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de novembro de 2015
Única pessoa que conhece todos os detalhes dos oito anos de bastidores do poder registrados pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em seus diários, a antropóloga Danielle Ardaillon, 79 anos, diz sem rodeios que os que esperam grandes revelações nesses relatos “vão ficar muito decepcionados”. “Não tem. Eu, pelo menos, não vi”, garante. “Político não conta segredo. Eles não falam. Se é segredo, não falam”, afirma.
Nascida na Argélia e naturalizada brasileira, Danielle trabalha com FHC desde a década de 1970. Em 1996, ela se dividia entre o doutorado em São Paulo e viagens a Brasília. Na capital federal, ia ao Palácio do Planalto retirar as fitas que FHC gravava narrando a convivência com aliados e adversários, além de suas dificuldades com o Congresso. “Às vezes eu estava com as fitas na bolsa e alguém perguntava sobre elas. Eu dizia: ‘não… isso está lá, super escondido’.”
Todo o processo era precário e tenso, segundo Danielle, que pedia para FHC colocar datas nas fitas. Ela, então, numerava os exemplares e fazia uma lista. O tucano, por fim, assinava o documento registrando cada retirada. A degravação, conta, foi complicada.
A guardiã dos relatos de FHC garante que a edição feita sob orientação dele do primeiro volume dos “Diários da Presidência”, lançado no fim de outubro, respeitou os aspectos originais das gravações. Segundo ela, foi feita “uma limpezinha” em termos repetidos, adjetivos e redundâncias. Os áudios serão liberados para o público, mas não há data definida. (Folhapress)