O Brasil está vivenciando uma mudança no perfil racial declarado de sua população. Segundo a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresce o número de brasileiros que se identificam como pretos ou pardos, enquanto a população branca vem diminuindo de forma consistente ao longo dos anos.
Entre 2012 e 2023, a porcentagem de pessoas brancas no Brasil caiu de 46,3% para 42,4%, uma redução de quase quatro pontos percentuais. Ao mesmo tempo, a população que se declara preta cresceu significativamente, passando de 7,4% para 10,6%. Já os pardos, que formam o maior grupo racial no País, permaneceram praticamente estáveis, passando de 45,6% para 45,9% dos brasileiros.
Por outro lado, vem ocorrendo um aumento significativo da população que se declara preta. Para os especialistas, é um reflexo da maior conscientização racial. Em 2023, 10,6% das pessoas se declararam pretas, uma porcentagem significativamente maior do que em 2012, que era de 7,4%. Em relação à população declarada parda, observa-se pouca variação em relação a 2012, de 45,6% para 45,9%. Isso significa que, a maioria dos brasileiros (55,5%) é negra.
“As pessoas estão cada vez mais se identificando como pardas e pretas, assumindo mais essa questão da raça, acho que esse é um dos fatores para esse aumento”, afirmou o pesquisador do IBGE William Araújo Kratochwill, que apresentou a pesquisa. “Outro fator é o fato de a população ser altamente miscigenada.”
Entretanto, diferenças regionais marcantes foram verificadas. Aqueles que se declaram pardos são maioria nas Regiões Norte (69,1%), Nordeste (60,9%) e CentroOeste (52,8%). Na Sul, a maioria se diz branca (71,3%). No Sudeste, são 49,4%.
Saiba mais
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE investiga as condições do mercado de trabalho do País a partir de uma amostra com mais de 210 mil domicílios, distribuídos por cerca de 3.500 municípios. Esta amostra é visitada, a cada trimestre, por cerca de 2 mil agentes de pesquisa. A metodologia adotada segue as recomendações dos organismos internacionais, em especial a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com o intuito de garantir a comparabilidade com outros países. (Estadão Conteúdo)