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Geral Popularidade de Lula cai devagar, mas não será fácil reverter

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A queda na popularidade de Lula, mesmo que modesta, reforça um cenário de maiores dificuldades para o governo em 2025. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Nesta semana, a Quaest divulgou pesquisa de aprovação presidencial mostrando queda na popularidade de Lula. Pela primeira vez neste mandato, a taxa de aprovação é menor do que a taxa de rejeição, nas contas do instituto. Lula é reprovado por 49% dos eleitores brasileiros e aprovado por 47%. É preciso ter cautela ao analisar os números. O governo não está derretendo. Na verdade, a taxa de aprovação de Lula, no início de seu terceiro mandato, ainda é igual à de Donald Trump nos Estados Unidos – ou até maior, dependendo da pesquisa. O crescimento da economia nos últimos anos e a perspectiva de novas medidas com apelo eleitoral, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, ainda mantêm Lula como um candidato competitivo à reeleição em 2026.

Muitos eleitores estarão propensos a votar em Lula em 2026 considerando que suas vidas melhoraram em relação aos quatro anos anteriores, com renda maior e um emprego melhor, mesmo que estejam inseguros com o custo de vida ou com o futuro da economia. Foi assim em 2014, quando Dilma ganhou um segundo mandato em um contexto de inflação alta e economia à beira da recessão. Na época, o fator mais importante na decisão de voto, em pesquisas qualitativas, era a percepção de quem transmitia mais segurança para lidar com o quadro de incerteza sobre a economia. A memória recente de aumento da renda e dos programas sociais pesou a favor da então presidente.

Ainda assim, a queda na popularidade de Lula, mesmo que modesta, reforça um cenário de maiores dificuldades para o governo em 2025, com portas mais abertas para a vitória da direita em 2026 – especialmente para a direita apoiada por Jair Bolsonaro. A pesquisa Quaest dá pistas dos principais motivos para o aumento da rejeição de Lula. Um deles, a polêmica do Pix, tende a perder força à medida que o tema saia do radar. Mas outro tema, a inflação de alimentos, ainda deve assombrar Lula por muitos meses, talvez até a campanha eleitoral. Simplesmente não há o que o governo possa fazer para efetivamente reduzir o preço da comida, a não ser esperar que o dólar caia com a ajuda de uma política econômica austera e de um pouco de sorte no cenário internacional. E, enquanto isso, deixar que o Banco Central suba os juros para que os preços como um todo, especialmente de serviços, deem um alívio para os consumidores.

A tendência, portanto, é de um cenário econômico pior para Lula em 2025, com inflação mais alta ou economia mais fraca por causa dos juros. Talvez Lula tenha que conviver com tudo isso ao mesmo tempo, agravado por uma política econômica inflacionária nos Estados Unidos. Os efeitos mais fortes de todo esse quadro devem se manifestar ao longo do ano, especialmente no segundo semestre, quando se projeta uma desaceleração mais intensa da economia. Este pode ser um momento crítico para as pretensões de Lula em 2026 – marcando um ponto de virada, com a eventual aprovação de isenções do imposto de renda e outras medidas, ou um momento de fragilidade, que coloque a oposição como favorita na próxima corrida eleitoral. (Silvio Cascione/ Opinião/ Estadão Conteúdo)

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