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Política Por ora, a reforma ministerial de Lula tem se concentrado em trocas “caseiras”, com peças do próprio PT ou ligadas ao partido

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O presidente Lula durante reunião ministerial na Granja do Torto, em Brasília (DF), em janeiro último. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A escolha de Gleisi Hoffmann para ser a nova articuladora política segue um histórico de manutenção do PT no núcleo do governo, comandando postos-chave. Mas a evolução dos feudos partidários nas três gestões de Lula (2003-2006, 2007-2010 e 2023 em diante) mostra que vários deles, até o hoje oposicionista PL, têm ou já tiveram seus espaços.

Em uma escalada ascendente, hoje os ministros de outras legendas e sem vinculação partidária somam mais da metade dos filiados ao PT, em um placar de 26 a 11.

Por ora, a reforma ministerial de Lula tem se concentrado em trocas “caseiras”, em peças do próprio PT ou ligadas ao partido.

Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação), do PT, cedeu a vaga ao marqueteiro Sidônio Palmeira em janeiro. Nísia Trindade (Saúde), sem filiação, mas ligada ao partido, foi trocada por Alexandre Padilha (PT), até então o responsável pela articulação política. Na sua vaga, entra agora a presidente do PT.

Em seu primeiro mandato, Lula iniciou o governo só com o PT e partidos de esquerda, além de alguns ministros e figuras importantes sem vinculação partidária, entre eles o banqueiro e ex-tucano Henrique Meirelles no Banco Central (o BC à época não tinha status de ministério).

Só no início do segundo ano, em 2004, foi que Lula fez uma primeira reforma em seu ministério para ingresso de um partido que seguiria até Dilma Rousseff (2011-2016), além de estar aliado atualmente, o PMDB (hoje MDB).

Apesar da relação muitas vezes conturbada, o MDB foi nos dois primeiros governos Lula o aliado preferencial, só havendo um rompimento completo no período do impeachment de Dilma, que foi liderado por duas figuras centrais do partido, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o então vice-presidente, Michel Temer.

A aliança se explica pelo fato de o MDB ter sido a sigla de oposição ao regime militar e de, no início da gestão Lula 1, ser uma das maiores do Congresso. As outras duas potências da época, PSDB e PFL, eram arquirrivais do PT.

A evolução do feudo do MDB nas gestões Lula, porém, foi pontuada por algumas crises.

A aliança com o PT chegou a ser negociada ainda na transição de 2002, por José Dirceu (PT), que viria a ser o todo-poderoso ministro da Casa Civil.

Por divergências internas nas duas siglas, Lula acabou desautorizando a aliança. Só em 2004 o MDB ingressou no governo, mesmo assim de forma tímida, com dois ministérios mas periféricos: Previdência, com o senador Amir Lando, e Comunicações, com o deputado federal Eunício Oliveira.

A primeira encorpada do MDB nas gestões Lula ocorreu em meados de 2005, no auge do mensalão, escândalo que abalou o governo na época e chegou a levar aliados a sugerir a Lula que abandonasse a ideia de tentar a reeleição.

Na ocasião, o MDB trocou Previdência pelos bem mais robustos Saúde (com o deputado federal Saraiva Felipe) e Minas e Energia, com Silas Rondeau. Comunicações permaneceu na cota do partido, mas o senador Helio Costa assumiu o lugar de Eunício.

Com Lula superando a crise e sendo reeleito em 2006, na sua segunda gestão o MDB assumiu um maior protagonismo. O partido de Temer pulou de terceira maior bancada eleita na Câmara em 2002 para a primeira bancada, em 2006, com 89 das 513 cadeiras.

Com isso, o partido manteve Saúde, Comunicações e Minas e Energia e incluiu em seu naco Integração Nacional e Agricultura. Em 2007 acrescentaria Defesa ao leque.

A alta popularidade de Lula em seu segundo mandato e a ausência de solavancos maiores consolidaram a aliança a ponto de Temer ser alçado à vice na chapa de Dilma, que venceria as disputas de 2010 e 2014.

Após o rompimento durante o impeachment e os governos Temer e Jair Bolsonaro, o MDB voltou a ser parceiro de Lula, em seu terceiro mandato.

Dessa vez, porém, divide o protagonismo com outras duas legendas de centro e de direita, União Brasil e PSD. Republicanos e PP completam a ala de centro-direita da gestão, controlando 11 ministérios. (Folhapress)

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