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Saiba por que a França resiste ao ar-condicionado em plena onda de calor com recordes de temperatura

País está atrasado tanto em novas construções "passivas de energia", quanto em reformas. (Foto: Reprodução)

A França usa mais ar-condicionado do que desejaria, com um quarto dos lares usando algum tipo de dispositivo de resfriamento, desde pequenos ventiladores com água até torres mais complexas, que se assemelham aos aparelhos usados no Brasil. Esse número vem aumentando com a gigantesca onda de calor, mas diante dos efeitos do aquecimento global e da iminente escassez de energia, as autoridades da França e da União Europeia esperam encorajar formas alternativas de resfriamento.

Em dias de calor escaldante, como a maior parte da França tem experimentado recentemente, é possível encontrar pessoas refugiando-se em mercearias ou cinemas – locais que têm mais probabilidade de ter ar-condicionado do que casas, ou mesmo escritórios.

Ainda que a utilização do ar-condicionado venha aumentando na França, este tipo de dispositivo permanece menos utilizado em terras francesas do que em outras regiões do globo, pois até recentemente o calor extremo tem sido relativamente raro.

Segundo a Ademe, a agência francesa de transição ecológica, cerca de 55% dos comércios franceses e 64% dos escritórios dispunham de um aparelho de ar-condicionado em 2020.

Estes números são mais altos do que nas casas das pessoas, onde apenas 25% tinham algum tipo de sistema ou dispositivo em 2020, embora o número esteja em ascensão, já que a França vê o aumento das temperaturas no verão e ondas de calor mais regulares em todo o país.

Solução durável

A melhor maneira de manter a calma é isolar os edifícios. As normas de construção que entraram em vigor na França em janeiro de 2022 exigem que as novas casas sejam construídas de modo que as temperaturas internas não subam acima de 28° C durante o dia, sem o uso de ar-condicionado.

As normas também exigem que edifícios mais antigos sejam renovados durante a próxima década, para eliminar as chamadas “peneiras térmicas”, que hoje são cerca de cinco milhões no país.

Entretanto, a França está atrasada, tanto em novas construções “passivas de energia”, quanto em reformas.

Para atender às exigências, o país precisaria renovar cerca de 700.000 edifícios por ano, dez vezes o que está sendo feito atualmente.

A vegetação também serve para reduzir as temperaturas. A França lançou um programa para replantar as florestas e as cidades têm colocado mais vegetação para combater os edifícios de asfalto e pedra que absorvem o calor.

Alguns centros urbanos franceses começaram a colocar em prática planos de “diminuição do calor” para enfrentar o aumento da temperatura, o que inclui colocar mais plantas nos edifícios e plantar mais árvores.

A cidade de Paris teve recentemente que recuar nos planos de desalojar certas árvores por causa dos protestos de ambientalistas, que argumentaram que elas desempenham um papel crucial para manter a cidade mais fria.

O sistema de “resfriamento urbano” de Paris tem um sistema relativamente desconhecido de refrigeração de espaços como o museu do Louvre ou a Assembleia Nacional (o Congresso francês), que faz circular a água do rio Sena a 4°C no subsolo.

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