Sexta-feira, 07 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2025
Por que algumas pessoas que bebem demais desenvolvem doença hepática avançada enquanto outras não? Um novo estudo publicado na Clinical Gastroenterology and Hepatology da Keck Medicine da Universidade do Sul da Califórnia (USC) descobriu a resposta e ela está ligada a três condições médicas subjacentes comuns.
Segundo os pesquisadores, pessoas que bebem de forma exagerada com diabetes, pressão alta ou circunferência da cintura alta têm até 2,4 vezes mais probabilidade de desenvolver doença hepática avançada.
“Os resultados identificam um segmento de alto risco da população propensa a doenças hepáticas e sugerem que problemas de saúde preexistentes podem ter um grande impacto em como o álcool afeta o fígado”, explicou Brian P. Lee, hepatologista, principal autor do estudo e especialista em transplante de fígado da Keck Medicine.
As três condições — diabetes, pressão alta e circunferência da cintura alta (89 cm para mulheres; 101 cm para homens) — estão associadas à obesidade e pertencem a um conjunto de cinco condições de saúde que influenciam o risco de um indivíduo sofrer ataque cardíaco e derrame, conhecidos como fatores de risco cardiometabólico.
Os outros dois: triglicerídeos altos (níveis elevados de um tipo de gordura no sangue) e HDL baixo ( lipoproteína de alta densidade ou colesterol “bom”) tinham correlações menos significativas com doença hepática.
Fatores de risco cardiometabólicos têm sido associados ao acúmulo de gordura no fígado (também conhecido como doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica), o que pode levar à fibrose ou cicatrização do fígado. O alto consumo de alcool, por exemplo, também causa acúmulo de gordura no fígado.
Lee e seus colegas pesquisadores analisaram dados do National Health and Nutrition Examination Survey, uma grande pesquisa nacional com mais de 40.000 participantes, observando a intersecção entre consumo excessivo de álcool, fatores de risco cardiometabólicos individuais e as incidências de fibrose hepática significativa.
Para o estudo, o consumo excessivo de álcool foi caracterizado como 1,5 doses por dia para mulheres (20 gramas) e duas doses por dia para homens (30 gramas).
Embora o estudo não tenha analisado por que esses três fatores de risco cardiometabólico são mais perigosos para o fígado, o autor da pesquisa especula que essas condições compartilham um caminho comum para o acúmulo de gordura no fígado que, quando combinado com depósitos extras de gordura no fígado devido ao excesso de álcool, pode causar danos significativos.
“Sabemos que o álcool é tóxico para o fígado e todos os consumidores que bebem em excesso correm risco de doença hepática avançada”, disse.
Lee espera que os resultados do estudo incentivem as pessoas a considerarem sua saúde individual e perfil de risco ao tomar decisões sobre o consumo de álcool. As informações são do jornal O Globo.