Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de dezembro de 2024
O avião que caiu em Gramado, na serra gaúcha, nesse domingo (22), não tinha caixa-preta, segundo informou o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) à PCRS (Polícia Civil do Rio Grande do Sul). O acidente deixou dez mortos, todos da mesma família, além de 17 feridos.
O delegado titular de Gramado, Gustavo Barcellos, afirmou que o modelo da aeronave não era obrigado a ter caixa-preta, um sistema de registro que grava as últimas conversas da tripulação. Nesse caso, a investigação terá que usar outras fontes de informação para determinar as causas do acidente, segundo o delegado.
O proprietário do avião era o empresário Luiz Claudio Galeazzi, que também pilotava a aeronave. Além dele, sua mulher, três filhas, a sogra, os cunhados e duas crianças morreram.
O Regulamento Brasileiro da Aviação Civil n° 91 determina que as aeronaves civis com mais de 10 lugares, com motores a turbina e fabricadas após 1991 devem ter aparelhos gravadores de dados de voo, chamados de caixa-preta.
O avião que caiu em Gramado era um turboélice bimotor de pequeno porte. Ele tinha 9 lugares e foi fabricado em 1990 – portanto, não se encaixa na regra da caixa-preta.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) confirmou que o avião que caiu em Gramado não tinha obrigatoriedade de ter caixa-preta. “Esclarecemos que a presença ou não de gravadores não interfere na operação ou segurança de uma aeronave”, informou a agência.
“A obrigatoriedade de gravadores segue uma série de requisitos, que envolvem o certificado do operador, as características da operação, a configuração e a capacidade da aeronave, o ano de fabricação e a quantidade de pilotos requerida”, concluiu a Anac.
Histórico
O engenheiro Gerardo Portela, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), especialista em risco e segurança, explica que a ausência de caixa-preta não atrapalha a investigação. “A caixa-preta facilita muito, mas sua ausência não impede que se chegue ao objetivo, só demora um pouco mais”, explicou.
Segundo ele, há muitos outros elementos que podem ser considerados na investigação, já que a aviação civil brasileira é rigorosa em termos de documentação. Por exemplo, pode-se verificar:
• O histórico de manutenções da aeronave;
• O histórico de voo do piloto;
• O estado de saúde do piloto;
• As condições meteorológicas.
Imagens do local
.
A investigação também deve se debruçar sobre possíveis falhas humanas. “Os especialistas vão analisar fatores que poderiam induzir a erro. Por exemplo, se tinha alguém pressionando a saída ou se o piloto tinha um compromisso urgente, ou se o manual da aeronave era difícil de ler”, indicou Portela.