O câncer de testículo é um tumor que afeta homens majoritariamente na idade reprodutiva, entre os 15 e 35 anos. Apesar de raro, esse câncer pode ter um grande impacto negativo na vida do homem jovem.
De acordo com dados do Atlas de Mortalidade do Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais de 3.700 homens morreram no Brasil entre 2012 e 2021 devido à doença. Além disso, nos últimos cinco anos, foram feitas mais de 25 mil cirurgias para retirada de um ou ambos os testículos, segundo o Ministério da Saúde.
E esse cenário tende a piorar. Um estudo publicado na revista científica BMC Urology aponta que o Brasil apresenta tendência a crescimento das taxas de mortes provocadas pelo câncer de testículo. Os pesquisadores analisaram as taxas de óbitos em razão da doença de 2001 a 2015 e calcularam as estimativas de mortalidade por um período de 15 anos (2016 a 2030).
Os resultados indicam que haverá um aumento de 26,6% no número de óbitos de 2026 a 2030, quando comparado com o período de 2011 a 2015.
“As maiores taxas de óbito foram verificadas justamente nas faixas etárias de maior incidência da doença. Apesar dessa explicação lógica, não deixa de ser altamente alarmante e impactante, sobretudo porque estamos diante de jovens, em plena vida social, familiar, reprodutiva e laboral”, avalia a médica Karin Jaeger Anzolch, diretora de Comunicação da SBU e coordenadora da campanha Abril Lilás, que busca aumentar a conscientização sobre o assunto, a com lives e vídeos publicados nas redes sociais do Portal da Urologia.
O diagnóstico precoce é a principal forma de evitar estes desfechos.
“Ao ser diagnosticado precocemente, o câncer de testículo possui mais de 90% de chance de cura”, afirma o urologista Luiz Otavio Torres, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia.
Como recomendado para prevenção do câncer de mama, nas mulheres, o autoexame dos testículos é uma importante ferramenta para detectar alterações. O autoexame deve ser realizado em pé, durante o banho, ou em frente ao espelho, apalpando os testículos, comparando um lado e outro e verificando se há diferenças, sobretudo, algum nódulo endurecido, alteração de tamanho entre eles, dor no abdômen, na virilha ou no escroto.
“Deve ser incentivado que o adolescente realize essa apalpação preferencialmente durante o banho e, caso encontre alguma anormalidade, procure um urologista”, orienta Torres.
Sinais de alerta
Alteração no testículo é o principal sintoma desse tipo de câncer, mas não é o único nem é exclusivo desse tipo de condição.
“É normal que haja alguma diferença no tamanho dos órgãos que são pares, como os testículos, e isso, a princípio, não deve preocupar. Mas se essa diferença não existia ou começou a ser percebida de uma hora para outra, sobretudo se for acompanhada por outros sinais e sintomas, como sensação de peso ou desconforto, irregularidades, nódulos ou diferença na consistência do órgão, é importante que uma avaliação médica, de preferência urológica, seja realizada o quanto antes”, diz Anzolch.
Outros sintomas da doença são: caroço ou inchaço em um dos testículos, mesmo sem dor; alterações na textura dos testículos; desconforto na parte inferior do abdômen ou nas costas; fraqueza; tosse; e falta de ar.