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Economia Entenda por que o dólar está caindo tanto mesmo com a guerra e a crise econômica

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A moeda norte-americana à vista encerrou a sessão em alta de 1,48%, a 4,9892 reais. (Foto: EBC)

O dólar tem surpreendido nos últimos dias, com uma forte queda em relação ao real, mesmo em meio à guerra na Ucrânia e à alta de juros nos Estados Unidos. Normalmente, esses dois fatores levariam o real brasileiro a perder força, devido à aversão ao risco e à maior atração de recursos para a economia americana.

Mas a combinação de Selic em dois dígitos, commodities em alta, bolsa brasileira barata e saída de investimentos da Rússia e leste europeu rumo a outros mercados emergentes ajuda a explicar como o dólar, que chegou próximo dos R$ 5,80 em 2021, é negociado agora abaixo dos R$ 5, tendo chegado aos R$ 4,84 na quarta-feira (23), menor patamar desde março de 2020. Nesta quinta-feira (24), o dólar à vista fechou a R$ 4,8320, em baixa de 0,25% – o que levou as perdas acumuladas em março a 6,28%.

Analistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que, com a perspectiva de commodities em alta por mais tempo e de o Banco Central subir ainda mais os juros no Brasil, o real pode continuar se fortalecendo no curto prazo e o dólar atingir novos patamares de baixa.

No entanto, os economistas acreditam que esse movimento não deve se sustentar num prazo mais longo. Com a perspectiva de uma alta mais forte dos juros nos EUA e as eleições em outubro, eles avaliam que o dólar pode voltar a ganhar força mais à frente.

Entenda em alguns pontos a queda recente do dólar em relação ao real.

– 1. Por que o dólar está em queda? Segundo Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, dois fatores principais explicam a recente queda do dólar em relação ao real.

São eles: a alta das commodities, das quais o Brasil é um grande produtor e exportador mundial, e a Selic (taxa básica de juros da economia brasileira) atualmente em 11,75%, com perspectiva de novas altas nos próximos meses.

“O real vinha muito desvalorizado, mas não havia nenhuma grande expectativa de correção no curto prazo, então a queda recente do dólar de fato surpreende”, diz Campos Neto.

“O primeiro fator que explica isso é o fato de esse ser um ano muito favorável às commodities, movimento que foi reforçado pelo conflito no leste europeu. Isso deu um gás nos preços de uma série de itens e o real é uma moeda liquidamente beneficiada por esse fator, por ser o Brasil um grande exportador”, afirma.

O segundo ponto é a forte alta de juros no Brasil, que levou o país a ter atualmente a segunda maior taxa de juros reais do mundo, atrás apenas da Rússia (os juros reais consideram a taxa de juros nominal, menos a inflação), e a quarta maior taxa de juros nominal, atrás somente de países com graves problemas econômicos, como Argentina (42,5%), Rússia (20%) e Turquia (14%).

“O reposicionamento da taxa de juros para um patamar mais condizente com a nossa realidade permitiu um olhar dos investidores para cá, com isso temos visto um redirecionamento de fluxos [de investimentos] já desde o início do ano”, completa.

Soma-se a esses dois fatores uma bolsa brasileira que estava muito barata na comparação internacional e com diversos papéis ligados ao setor de commodities, como Vale, Petrobras e as empresas do setor agrícola.

Por fim, há o fluxo de investidores que deixaram a Rússia e o leste europeu em meio à instabilidade naquela região, e que encontraram no Brasil uma alternativa de investimento em países emergentes.

“Os dados de fluxo cambial do Banco Central mostram uma entrada de um pouco mais de US$ 10 bilhões para o Brasil no acumulado do ano”, observa Marcela Rocha, economista-chefe da Claritas Investimentos.

“Isso indica que o investidor estrangeiro volta a olhar o Brasil com atratividade: um país que estava barato, com moeda desvalorizada. Agora, com juros altos e commodities em alta, ele se torna uma referência para países emergentes, num momento em que outros emergentes são abalados, caso da Rússia e todos os países do leste europeu.”

– 2. O dólar vai cair mais? Até onde ele pode chegar? Segundo Rocha e Campos Neto, o dólar ainda pode cair mais sim, no horizonte próximo.

“Olhando todos os vetores que estão puxando o dólar para baixo, não temos ainda perspectiva de uma mudança de cenário. Os preços de commodities continuarão pressionados e a Selic, por mais que o Banco Central queira já apontar para um fim do ciclo de alta, ainda não dá para escrever em pedra qual vai ser o nível final da taxa de juros”, observa a economista da Claritas.

Na última ata do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC indicou que pode levar a Selic acima de 12,75%, a depender do que vai acontecer com o valor do barril de petróleo, que impacta os preços dos combustíveis no Brasil e, consequentemente, a inflação.

Nesta quarta-feira, o barril de petróleo chegou aos US$ 120, num sinal de que a autoridade monetária brasileira pode de fato ter que levar a taxa de juros acima dos 13%.

Mas até onde o dólar pode ir, é difícil de prever. A analista da Claritas fala em um limite de R$ 4,70 ou R$ 4,65. Já o economista da Tendências vê um limite de R$ 4,50 ou R$ 4,40, mas avalia que esse não é o cenário mais provável, pois há outros fatores em jogo que devem por um freio na valorização do real no horizonte mais longo. As informações são da BBC News.

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https://www.osul.com.br/por-que-o-dolar-esta-caindo-tanto-mesmo-com-a-guerra-e-a-crise-economica-entenda/ Entenda por que o dólar está caindo tanto mesmo com a guerra e a crise econômica 2022-03-24
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