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Por que o dólar já subiu 18% em 2024? Entenda em 5 pontos e saiba como agir

A redução das taxas também deve ter efeitos no Brasil. (Foto: EBC)

O dólar abriu esta semana com alta acumulada em 2024 de nada menos que 18,31%. Em janeiro, rodava abaixo dos R$ 5. Agora já se aproxima dos R$ 6. Na última sexta (2), já tendo tocando antes o maior nível em mais de dois anos e meio, chegou a operar nas máximas em mais de quatro anos.

Coisa demais, não? Pois é. E agora vamos explicar a você as cinco razões principais e também o que fazer.

1) Primeiro de tudo, tem a parte doméstica da história. Se os investidores acreditam que o cenário ficará mais nebuloso, acabam correndo atrás de dólares em busca de proteção no exterior. E tem sido assim na maior parte dos pregões deste ano.

O X da questão é. Atualmente, o governo tem a meta de zerar o déficit fiscal (ou seja, equiparar seus gastos e suas receitas). O cumprimento desse objetivo seria um sinal de que a saúde financeira do país está em dia. Isso diminuiria a percepção de risco e, portanto, os prêmios exigidos para se investir no Brasil. Ou seja: com a percepção de que as contas públicas estão sob controle e a atividade em alta, mais investidores se sentiriam confortáveis para aplicar seu dinheiro no Brasil.

O problema, no entanto, é que isso não deve acontecer. Recentemente, o governo divulgou que a previsão de resultado primário do governo central para 2024 é de déficit de R$ 28,8 bilhões. O resultado fica justamente no limite do permitido pelo arcabouço fiscal, o que levanta dúvidas sobre sua viabilidade. Afinal, se os gastos crescerem (ainda que só um pouco), ou a arrecadação cair, a conta já não fecha.

2) Um outro ponto importante que justifica o dólar mais alto são os juros em patamares recordes nos Estados Unidos.

O Tesouro americano já é considerado o porto mais seguro do mundo dos investimentos. E está, agora, pagando seus maiores juros em mais de duas décadas. Acreditava-se que começariam a cair lá no começo do ano, mas até agora nada. Então, a qualquer sinal de risco, interno ou externo, parece boa pedida correr para os Estados Unidos. Para isso, no entanto, é preciso comprar dólares para serem trocados pelos títulos da Casa Branca. Essa pressão de compra mais o êxodo tornam a moeda mais escassa e, portanto, mais cara.

3) Um outro agravante que complementa essa “tempestade perfeita” para o dólar avançar contra o real é o um cenário de tensões geopolíticas que só tem piorado.

Os conflitos entre Rússia e Ucrânia e entre países do Oriente Médio, como Irã e Israel não têm dado sinais de que irão se encerrar tão cedo. E caso isso aconteça, ou até mesmo se eles se agravarem, isso também leva os investidores a buscarem segurança nos Estados Unidos.

4) Nos últimos dias, a escalada do dólar ainda ganhou um novo capítulo que veio a partir da política monetária japonesa.

O aumento dos juros no Japão acaba revertendo o chamado “carry trade”. Essa é uma estratégia de investimento na qual o investidor toma dinheiro emprestado onde juros rastejam, caso histórico japonês, e coloca para render onde juros voam, caso histórico brasileiro. Mas como os juros japoneses passam a rastejar menos, esse fluxo é parcialmente revertido. Daí o aumento de escassez da moeda americana no Brasil e, portanto, mais pressão de alta.

5) A cereja desse bolo amargo está nos Estados Unidos, e foi apresentada a investidores na semana que passou. O risco de recessão.

Já desde a recuperação da economia americana no pós-pandemia, investidores de risco torcem por uma desaceleração. Sem isso, nada de inflação fria a ponto de juros caírem por lá. Pois bem. Parece que a desaceleraçao, enfim, chegou. Mas a euforia inicial com o espaço aberto para juros caírem já deu lugar à depressão. O risco de recessão nos Estados Unidos passou a dominar a narrativa do mercado. De novo, razão para comprar dólar e buscar refúgio nos títulos americanos, ainda que pagando menos do que agora, eventualmente, nos próximos meses.

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