Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de setembro de 2024
Segundo pesquisadoras australianas, a cada 10 centímetros de acréscimo na altura, probabilidade de desenvolver um câncer cresce em 16%.
Foto: FreePikEstudos têm apontado que pessoas mais altas têm um risco maior de desenvolver câncer. Segundo o Fundo Mundial para Pesquisa do Câncer, há evidências fortes sobre uma maior probabilidade de desenvolver tumores de pâncreas; intestino grosso; útero; ovário; próstata; rins; pele e mama.
Mas por que isso acontece? É o que Susan Jordan, professora de Epidemiologia da Universidade de Queensland, na Austrália, junto com Karen Tuesley, pesquisadora de pós-doutorado da Escola de Saúde Pública da mesma instituição, buscaram responder em novo artigo publicado no site The Conversation.
Inicialmente, elas citam um trabalho chamado UK Million Women, que identificou que a cada aumento de dez centímetros na altura, o risco de desenvolver um câncer cresce cerca de 16%. Elas explicam que essa relação é observada em diferentes etnias e níveis de renda, assim como em pesquisas que analisaram genes que preveem a altura.
“Esses resultados sugerem que há uma razão biológica para a ligação entre câncer e altura”, escrevem no artigo. E, embora não seja completamente claro o motivo, “existem algumas teorias fortes”, afirmam as cientistas.
“A primeira está ligada ao fato de que uma pessoa mais alta terá mais células. Por exemplo, uma pessoa alta provavelmente tem um intestino grosso mais longo, com mais células e, portanto, mais bilhetes na ‘loteria’ do câncer de intestino grosso do que uma pessoa mais baixa”, explicam.
Isso acontece porque os tumores surgem a partir do acúmulo de danos nos genes que podem ocorrer quando uma célula se divide para criar novas células. Logo, quanto mais células existem, pelo órgão ser maior, mais divisões ocorrem, e maior é a probabilidade de ocorrer os danos genéticos que geram os casos de câncer.
“Algumas pesquisas apoiam a ideia de que ter mais células é o motivo pelo qual pessoas altas desenvolvem mais cânceres e pode explicar, em certa medida, por que os homens são mais propensos a ter câncer do que as mulheres (porque, em média, eles são mais altos do que as mulheres)”, afirmam as pesquisadoras australianas.
No entanto, isso não explica totalmente o fenômeno. Mulheres mais altas, por exemplo, não têm necessariamente mamas maiores, porém também apresentam risco aumentado para o tumor.
Um estudo tentou avaliar isso e descobriu que, embora a massa do órgão conseguisse explicar a relação entre altura e câncer em oito dos 15 tipos avaliados, havia sete outros em que a massa do órgão não justificava o maior risco.
Por isso, outra teoria é que exista um fator comum que faz as pessoas serem mais altas e, ao mesmo tempo, eleva o risco de câncer. “Uma possibilidade é um hormônio chamado fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1). Esse hormônio ajuda as crianças a crescer e continua a desempenhar um papel importante no estímulo ao crescimento e à divisão celular em adultos”, citam as cientistas.
Essa é uma função importante; no entanto, uma quantidade excessiva dele pode não ser tão inofensiva. “Alguns estudos descobriram que pessoas com níveis mais altos de IGF-1 do que a média têm um risco maior de desenvolver câncer de mama ou próstata. Mas, novamente, isso não foi um achado consistente para todos os tipos de câncer”, escreveram as australianas.
Para elas, é provável que ambas as explicações (mais células e mais IGF-1) desempenhem um papel. Porém, explicam que mais pesquisas são necessárias para realmente desvendar a relação entre altura e risco aumentado de câncer.