Você é daquelas pessoas que está sempre procurando algo para beliscar nos dias frios? Ou percebe que sente fome com mais frequência no inverno? Sempre em busca de um chocolate quente, uma sopa ou um bolo quentinho? Pois saiba que isso é algo fisiológico.
A explicação é bem simples, na verdade: no frio, o organismo gasta mais energia para manter a temperatura corporal, e esse gasto maior de energia nos leva a sentir mais fome que o habitual. Assim, é normal sentir mais fome no frio. Além disso, nosso apetite por carboidratos e comidas mais calóricas de maneira geral também tende a ser maior.
“[Isso acontece] justamente por conta dessa questão de energia. O que é o carboidrato? O carboidrato é um gerador de energia. E quando a gente gasta mais, o corpo logo quer repor essa energia”, explica Valéria Machado, nutricionista, mestre e doutora pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Para suprir essa necessidade de ingerir mais comida sem que isso acarrete prejuízos à saúde, a dica da especialista é organizar as refeições e evitar passar muito tempo sem comer. “Fazer o planejamento das semanas e das refeições torna-se muito importante para não cair nessa ‘pegadinha’ do frio. O planejamento é a chave de tudo”, afirma.
A dica é montar pratos variados, com valor nutricional adequado e que proporcionem saciedade. À noite, uma boa opção são as sopas, que são quentes e agradáveis no frio, mas é importante sempre acrescentar alguma fonte de proteína. No café da manhã, em vez de comer somente um pão com manteiga, por exemplo, acrescentar um ovo também pode proporcionar maior saciedade.
“E buscar um profissional [de nutrição] que possa te auxiliar com isso, entendendo suas preferências alimentares, respeitando a sua história como paciente”, recomenda Valéria.
Fome e vontade de comer
O inverno é aquela época que “pede” comidas mais quentinhas e reconfortantes. Mas é importante saber diferenciar a fome fisiológica da vontade de comer.
A fome ocorre quando você precisa comer e não pensa em um alimento específico. Qualquer alimento que você coma, nesse caso, vai servir para saciar essa fome. Mas quando vem aquele pensamento: “ah, estou com fome de um bolo de chocolate, de uma torta de limão”, geralmente não é fome fisiológica e sim vontade de comer algo específico.
“Tem que tomar um pouquinho de cuidado com essas questões. Eu acho que principalmente trabalhar o sentir, ‘o que que eu tô sentindo agora?’ Aprender a acolher os sentimentos também ajuda muito no processo de uma reeducação alimentar”, diz a nutricionista.
Muitas vezes, a vontade de comer determinados alimentos de fato está relacionada aos sentimentos – a chamada fome emocional, que acontece quando recorremos à comida para lidar com um sentimento de tristeza ou ansiedade, por exemplo. Quando esse comportamento é recorrente, o ideal é buscar orientação psicológica, além de nutricional.
“O nutricionista vai te auxiliar organizando seu cardápio, ajudando você a fazer o seu planejamento, e é importante ter um psicólogo junto. Esse trabalho em conjunto vai ajudar a entender também os sentimentos”, explica Valéria.
Uma ferramenta que ela recomenda é o diário alimentar, em que o paciente anota os sentimentos associados às refeições. Por exemplo, se uma pessoa comeu de forma muito exagerada em determinada refeição, a ideia é que ela consiga entender que sentimento estava por trás disso – se ela estava ansiosa, triste, estressada, e assim buscar uma maneira de se relacionar melhor com a comida e os sentimentos.