A SMS (Secretaria Municipal de Saúde) registrou o total de 70.838 casos confirmados de pacientes com coronavírus em Porto Alegre até esta quinta-feira (17). Entre estes, 55.595 pessoas se recuperaram da doença e 1.731 morreram. Também foram registrados 179.856 casos negativos e outros 13.088 estão em análise.
Os serviços de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) tinham, até as 19h30min, 301 casos confirmados de Covid-19 adultos e um caso na pediatria. Há também 38 casos suspeitos de adultos e três casos em pediatria.
Contratualização no SUS e atenção primária
Indicar caminhos para uma atenção primária plena foi um dos temas de discussão do 2º Simpósio sobre Contratualização no SUS. Para esta quinta-feira (17) terceiro dia do encontro, o tema escolhido foi a gestão em situações críticas, tendo como exemplo atuações no enfrentamento à pandemia de Covid-19. Entre os palestrantes, a diretora de contratos da Secretaria Municipal de Saúde, administradora e especialista em Regulação em Saúde, Cláudia Dias Alexandre, e o médico pós-graduado em administração hospitalar e atual secretário de Saúde de Santa Catarina, André Motta Ribeiro.
O evento foi promovido pela Secretaria Municipal de Saúde até esta quinta-feira, com acesso no canal do YouTube e no Facebook. Nessa quarta-feira (16), o simpósio contou com a participação do secretário-adjunto de Saúde, Natan Katz.
O médico Erno Harzheim, primeiro secretário nacional de Atenção Primária do Ministério da Saúde (2019 e 2020) e secretário de Saúde de Porto Alegre de 2017 a 2018, propôs a reflexão de qual atenção primária à saúde o país terá no século 21. Segundo ele, é necessário basear as decisões em evidências científicas sólidas. “Temos um sistema que ainda exclui muitas pessoas, com alto grau de ineficiência”, comentou, citando os atributos essenciais da atenção primária conforme a pediatra norte-americana Barbara Starfield: acesso, longitudinalidade, coordenação e integralidade.
No modelo de sistema de saúde contemporâneo, Harzheim destacou que as pessoas devem estar no centro, sempre ao lado da atenção primária, mostrando que o setor precisa acompanhar a trajetória dos pacientes, fazendo a coordenação do cuidado, amparada pela tecnologia da telemedicina e telessaúde aliados ao sistema de regulação, a fim de que as pessoas tenham acesso à atenção especializada e hospitalar quando elas são efetivas para melhorar a vida dos pacientes. “Acredito em uma atenção primária que vai crescer cada vez mais e incorporar tecnologias diagnósticas e terapêuticas”, avaliou, apostando na evolução para um sistema de saúde com forte base tecnológica e não presencial.
O economista sênior de saúde do Banco Mundial, André Medici, falou da possibilidade de melhorar os contratos na atenção primária. Propôs cinco questões a serem levadas em conta para definir um contrato: quem é o público final, quem são os provedores dos serviços, quais serviços serão contratados, como pagar pelos contratos e qual o objetivo a ser alcançado. “Boa parte das discussões no Brasil não passa por tais questões, é necessário mudar essa cultura”, disse.
Conforme Medici, a experiência dos países da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico) nos últimos 20 anos mostra que os contratos reduzem custos, aumentam a produtividade e a eficiência na prestação dos serviços. Também estimulam a concorrência entre os provedores, adequam a oferta e a demanda, geram inovação e capacidade de resposta do serviço e liberam o tempo do governo para se concentrar em avaliar resultado e premiar os melhores provedores.
O evento foi aberto ao público em geral, em especial a profissionais da administração pública e de entidades privadas que executam serviços públicos, juízes, promotores e auditores de tribunais de contas. A abertura ocorreu terça-feira (15), com o tema da remuneração baseada em valor e o paradigma do financiamento em saúde.