As obras de revitalização do viaduto da avenida Borges de Medeiros, no Centro Histórico de Porto Alegre, serão realizadas também nos turnos da noite e madrugada, entre 20h e 5h. O objetivo é acelerar os trabalhos de conclusão sem afetar o trânsito de veículos. De acordo com a prefeitura, uma via será fechada e outras três ficarão abertas.
Atualmente, a equipe trabalha dentro dos espaços das lojas e no revestimento da calçada de uma das escadarias. No lado oposto, são finalizados o revestimento das paredes e o contrapiso da parte inferior – nas calçadas superiores, o serviço está concluído.
“Essa é uma importante etapa da requalificação do viaduto, que acelera a conclusão e mitiga o impacto na mobilidade. Pedimos a compreensão dos moradores do entorno, pois é um transtorno provisório para um benefício permanente. As obras são necessárias do ponto de vista estrutural, estético e de qualificação do espaço’’, ressalta o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores.
História e situação
A estrutura – oficialmente denominada “Viaduto Otávio Rocha” – é uma das grandes obras de urbanização de Porto Alegre e integrou o Plano de Melhoramentos e Embelezamento da Capital, proposto em 1914 pelo engenheiro João Moreira Maciel, diretor de Obras da Intendência Municipal (equivalente à atual prefeitura).
Essa iniciativa se alinhava a outros projetos de urbanização de capitais, com abertura, alargamentos e prolongamentos de vias, canalizações de águas, construção de jardins e parques e instalação de novos equipamentos. A estratégica ligação do Centro à Zona Sul, com alargamento e rebaixamento das ladeiras do estreito Beco General Paranhos (futura avenida Borges de Medeiros), determinou a construção do viaduto para conectar a avenida Duque de Caxias.
O projeto dos engenheiros Manoel Barbosa Assumpção Itaqui e Duílio Bernardi (professores da Escola de Engenharia) recebeu aprovação em 1927. Eles foram responsáveis por importantes obras na Capital, algumas das quais hoje integram o campus central da UFRGS, em estilo eclético ou elementos artísticos do art-déco.
A concorrência para a execução das obras do foi vencida pela Companhia Construtora Dyckerhoff & Widmann, e a entrega aconteceu em 1932. Em 1988, o Viaduto Otávio Rocha foi protegido legalmente pelo tombamento municipal proposto pela Equipe do Patrimônio Artístico, Histórico e Cultural (Epahc) e aprovado pelo Conselho Municipal do Patrimônio.
Apenas apenas duas reformas foram realizadas no viaduto, em 1998 e 2010 – até a atual gestão deflagrar a primeira grande revitalização do local, situado entre as ruas Fernando Machado e Jerônimo Coelho e cuja parte mais alta passa pela Duque de Caxias.
Com os comerciantes retirados dos pontos comerciais ali instalados, os trabalhos foram iniciados em novembro de 2022, orçados em R$ 17,2 milhões. As obras tinham sua conclusão programada para junho próximo, mas o cronograma sofreu atrasos que devem esticar esse prazo até, pelo menos, outubro.
Estão previstas restauração, recuperação, correção e conservação. A lista abrange pisos externos, esquadrias, ladrilhos internos, salas e elementos decorativos, bem como sistemas elétrico e hidráulico, dentre outros. Além, é claro, da própria estrutura. Também serão providenciados Plano de Proteção Contra Incêndios (PPCI), itens de acessibilidade e sinalização.
(Marcello Campos)