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Por Redação O Sul | 21 de outubro de 2019
Uma mostra interativa que proporciona ao visitante viajar pela história de um dos aspectos mais relevantes da cultura brasileira. Com essa a proposta, será aberta nesta quinta-feira a exposição “7 Povos: Retratos de Um Território”, no Memorial do Rio Grande do Sul, no Centro Histórico de Porto Alegre. Em destaque, fotos, vídeos, painéis, mapas interativos, documentos e outros atrativos.
A capital gaúcha será a primeira cidade a receber a exposição, que em 2020 percorrerá desde o Rio de Janeiro até Montevidéu, no Uruguai. São Miguel das Missões também receberá a mostra ainda neste ano. “São obras que despertam os sentidos e provocam uma verdadeira viagem pelo território das Missões Jesuíticas-Guarani e sua paisagem cultural, com bens culturais reconhecidos como Patrimônio Cultural Brasileiro, do Mercosul e Mundial”, ressalta o governo do Estado em seu site oficial.
A iniciativa brasileira idealizada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) faz parte de um projeto de cooperação internacional, em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e a ABC (Agência Brasileira de Cooperação), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores.
Com curadoria de Cláudia Ardións e projeto expográfico de Suzane Queiroz, “7 Povos” desbrava o território das Missões, sua geografia, história, vida sociopolítica e cultural. Conta a narrativa da ocupação da região, desde mapas antigos até o momento atual – como se formou e no que se tornou o território das Missões.
A exposição aproxima moradores e visitantes dos bens que constituem o Patrimônio Cultural missioneiro. As fotos ganham vida em realidade aumentada em tablets e celulares, em que o observador ultrapassa o plano da fotografia e é levado para a cena em movimento, com sons e texturas.
O público pode transitar pelos caminhos dos Sete Povos das Missões Jesuíticas-Guarani em mesas digitais interativas que exploram, em detalhes, a cartografia do território. A mostra conta, ainda, com um espaço educativo para crianças, com jogos e atividades formulados especialmente para o público infantil, com liga-pontos digital das línguas faladas na região das Missões, jogos da memória e quebra-cabeças sobre esta rica paisagem cultural.
“Um lugar de beleza exuberante e tradições seculares, que atrai turistas de todo o mundo. Missões é um território carregado de história, onde o encontro de culturas transpôs fronteiras e mudou a cartografia do Brasil”, enaltece o governo. Em 1576, a Companhia de Jesus iniciou ali o seu trabalho de evangelização dos guarani. Ergueram suas reduções jesuíticas, comunidades onde nativos e jesuítas se dedicavam aos estudos, à música, à escultura, à arquitetura, à agricultura e à catequese.
São Nicolau (1626), São Borja (1682), São Luiz Gonzaga (1687), São Lourenço (1691), São Miguel (1687), São João Batista (1697) e Santo Ângelo (1706) formam, no atual território brasileiro, os Sete Povos das Missões – reduções construídas às margens do Rio Uruguai, onde viveram mais de 26 mil indígenas.
Resgate histórico
São Miguel das Missões e os remanescentes do Povo de São João figuram dentre os primeiros bens tombados pelo Iphan, desde 1938. Em 1937, o célebre arquiteto Lucio Costa foi enviado ao Rio Grande do Sul para analisar os remanescentes dos Sete Povos das Missões. No sítio arqueológico de São Miguel, ele projetou o Museu das Missões, que abriga o maior acervo público de imagens sacras do barroco jesuíta da América Latina.
Em 1983, as Ruínas de São Miguel das Missões foram declaradas Patrimônio Mundial. No conjunto de remanescentes reconhecidos pela Unesco, estão cinco povoados construídos pela Companhia de Jesus nas Américas para evangelização dos indígenas, durante os séculos 17 e 18: São Miguel das Missões, no Brasil, e, em território argentino, San Ignacio Mini, Santa Ana, Nuestra Señora de Loreto e Santa María la Mayor.
Esses esforços partilhados pela preservação do Patrimônio Cultural das Missões e pela valorização de seus bens culturais se traduzem na mostra 7 Povos. Nesse território, onde o rico encontro de culturas transformou a paisagem, o extenso trabalho em prol da proteção do patrimônio missioneiro fez da região um importante ponto turístico do Brasil.
(Marcello Campos)