A partir de fevereiro, Porto Alegre receberá o plantio de 4,7 mil mudas de árvores, em ação inédita coordenada pela Smams (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade).
Pela primeira vez, uma empresa especializada é contratada para plantar e acompanhar de forma planejada a evolução das mudas, com qualidade e padronização técnica. O projeto também dobra a média de plantios dos últimos cinco anos. Os detalhes da contratualização da Engemaia Cia. Ltda., vencedora da licitação, e do plano de arborização urbana foram conhecidos nesta quinta-feira (19), no Paço Municipal.
Os serviços incluem o cultivo de até 2,7 mil mudas arbóreas e arbustivas em logradouros públicos e de até 2 mil mudas em APP (áreas de preservação permanente). Ainda prevê qualificação paisagística de canteiros centrais e áreas especiais; compatibilização da arborização com a infraestrutura no espaço urbano; abertura de canteiros com dimensões adequadas ao porte da árvore e manutenção das mudas por um ano, com ações de irrigação, retutoramento, recolocação de amarrio, poda de condução, adubação de cobertura, forração vegetal para auxiliar na oxigenação e replantio na fase de estabelecimento dos vegetais.
Fora o acompanhamento de todo o plantio pela equipe técnica da Smams, a Unidade de Educação Ambiental fará contato prévio com os moradores, que poderão optar se querem ou não o serviço. Além disso, serão criadas cinco vagas sustentáveis para transformar estacionamentos de veículos em locais de convívio urbano e áreas de contribuição ambiental na extensão da calçada.
Humanização
De acordo com o prefeito Nelson Marchezan Júnior, a medida representa o maior investimento da história do Município no plantio de árvores. “Demos mais um passo importante no plano de governo de tornar a Capital cada vez mais humanizada”, enfatizou. “Se este projeto-piloto der certo, como esperamos, ampliaremos o conceito de plantar a árvore certa no lugar certo, e de forma planejada”, acrescentou.
Para o secretário municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade, Germano Bremm, a iniciativa simboliza uma mudança de paradigma e está em sinergia com a revisão do Plano Diretor ao qualificar o espaço urbano.
“Antes, plantávamos com equipes próprias da Smams, com pouca capacidade de acompanhamento para manter as mudas, e pensávamos simplesmente em número de árvores plantadas. Toronto, Nova York e São Francisco utilizam esse novo conceito de arborização, com indicadores baseados em área de cobertura de copa, ao qual Porto Alegre está se integrando”, ressaltou.
A chefe da Unidade de Arborização Urbana, Verônica Riffel, disse que utilizar a cobertura de copa como indicador de planejamento significa priorizar a mitigação das mudanças climáticas, melhoria do conforto térmico e da drenagem superficial.
“É preciso avançar no modelo de arborização urbana. As árvores nas cidades são elementos que devem ser compatibilizados aos demais equipamentos e redes de infraestrutura. O plantio qualificado traz benefícios como melhoria do microclima, qualidade do ar, nível de ruídos e ventilação, além de reduzir risco de enxurradas e contribuir com a conservação da flora e fauna nativas”.
Segundo o diretor-técnico da Engemaia, Pedro Henrique Maia e Silva, as árvores demandam maiores cuidados nas metrópoles pela necessidade de serem pensadas como elementos de integração ao espaço urbano. “Estamos aqui preparados para criar condições de esses seres vivos altamente resilientes sobreviverem a um ambiente repleto de complexidades urbanas”, afirmou.
Como ocorrerão os plantios
Serão realizados em toda a cidade, com mudas provenientes do Viveiro Municipal ou de outros fornecedores, mas seguirão a seguinte ordem de priorização:
– Zona Norte: por apresentar logradouros públicos com os menores índices de cobertura de copa, com início previsto pelo bairro Farrapos.
– Canteiros centrais de avenidas que foram reestruturadas recentemente e não receberam intervenção paisagística.
– Vias estruturantes: avenidas Diário de Notícias, Edvaldo Pereira Paiva, Borges de Medeiros, Farrapos, Wenceslau Escobar, João Pessoa, Azenha, Nilo Peçanha, Neusa Brizola/ Nilópolis, Loureiro da Silva, Protásio Alves e Bento Gonçalves.
Edital
A abertura das propostas da licitação, na modalidade pregão eletrônico – menor preço, ocorreu em 23 de outubro. O valor da ata de registro de preço, que é o limite para ser utilizado nos próximos 12 meses, é de R$ 2,1 milhões.
A Superintendência de Licitações e Contratos da SMF (Secretaria Municipal da Fazenda) obteve uma economia de aproximadamente 6%, considerando o valor de referência do pregão eletrônico, de R$ 2,25 milhões. O resultado do pregão eletrônico, que contou com quatro empresas participantes, foi divulgado no Diário Oficial do dia 12 de novembro.
Entre os serviços a serem executados, estão também limpeza de terrenos onde ocorrerão os plantios; remoção de arbustos, mudas mortas, inadequadas ou mal conduzidas; abertura de canteiros e covas, escavação de solo e demolição de pavimento ou concreto de forma técnica adequada; remoção de entulhos; aterro das covas e modelagem do terreno; e sinalização; entre outros.