Terça-feira, 15 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de abril de 2025
Cirurgia de Bolsonaro durou 12 horas em hospital em Brasília
Foto: Antonio Augusto/STFInternado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital DF Star, em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro segue sem previsão de alta e seu quadro de saúde “não tem expectativa de evolução rápida”, informou nesta segunda-feira (14), em entrevista coletiva, a equipe médica que cuida do político.
Bolsonaro foi hospitalizado na sexta-feira (11) e passou por uma cirurgia de 12 horas de duração no domingo (13) para tratar uma “suboclusão intestinal” – obstrução parcial do intestino causada por aderências formadas após múltiplas cirurgias anteriores, em decorrência da facada que ele levou durante a campanha eleitoral de 2018.
Segundo o cardiologista da equipe, Leandro Echenique, essa cirurgia – a sétima desde o atentado – está entre “as mais complexas” feitas no ex-presidente. A longa duração do procedimento já era esperada.
“Não houve nenhuma complicação. Realmente, foi o que era esperado. Um procedimento muito complexo. Agora, nos cuidados pós-operatórios, quando há um procedimento muito prolongado como esse, o organismo do paciente acaba tendo uma resposta inflamatória muito importante, fica muito inflamado”, disse Echenique.
“Isso pode levar a uma série de intercorrências. Aumenta o risco de algumas infecções, de precisar de medicamentos para controlar a pressão. Há um aumento do risco de trombose, problemas de coagulação do sangue. O pulmão, a gente acaba tendo um cuidado específico. Todas as medidas preventivas serão tomadas, por isso que ele se encontra na UTI neste momento”, explicou.
“Vai ser um pós-operatório muito delicado e prolongado. Alguns perguntaram: ‘Ele vai ter alta nesta semana?’ Não há previsão”, disse o médico. “Essas próximas 48 horas são cruciais. Ele está recebendo antibióticos, fisioterapia para ele restabelecer aos poucos a parte de atividade da musculatura. A conduta de alta da UTI para o apartamento depende de uma série de fatores. Agora, é falar pouco, fazer a fisio, para receber alta da UTI no momento oportuno”, prosseguiu.
Ainda segundo Echenique, na manhã desta segunda Bolsonaro já estava acordado, consciente e conversando com a equipe médica. “Já fez até uma piadinha”, disse.
Parede abdominal “bastante prejudicada”
O chefe da equipe cirúrgica, Cláudio Birolini, relatou que Bolsonaro já tinha apresentado nos dias anteriores uma elevação dos marcadores de inflamação e um quadro de distensão abdominal.
Como as primeiras opções de tratamento não surtiram efeito, houve a recomendação de cirurgia. A operação envolveu uma extensa lise de aderências (cirurgia para remover faixas de tecido que ficaram coladas por cicatrizes internas) e a reconstrução da parede abdominal. A intervenção ocorreu sem intercorrências e não houve necessidade de transfusão de sangue.
“Era um abdômen hostil, múltiplas cirurgias prévias. Aderências causando um quadro de obstrução intestinal e uma parede abdominal bastante danificada em função da facada, das cirurgias prévias. Isso já antecipava que seria um procedimento bastante complexo e trabalhoso”, disse Birolini.
“A liberação dessas aderências é feita de forma milimétrica, praticamente. Você liberar um intestino que tem três metros e meio, vai centímetro por centrímetro. O intestino dele estava bastante, vamos dizer assim, sofrido. O que nos leva a crer que já vinha com esse quadro de uma suboclusão subclínica há alguns meses”, detalhou Birolini.
Durante a cirurgia, os médicos identificaram que a obstrução era causada por uma dobra no intestino delgado, que dificultava o trânsito intestinal. O problema foi corrigido com a liberação das aderências.
“Já antecipo que não tenham grandes expectativas de uma evolução rápida. A gente precisa deixar o intestino dele descansar, desinflamar, retomar sua atividade para só depois pensar em realimentação por via oral, e daí para frente a retomada de outras atividades”, declarou Birolini.
Segundo ele, a equipe médica não identificou que a alimentação do ex-presidente tenha desencadeado a obstrução. “O fato de ele comer pastel com caldo de cana não afeta isso daí”, disse.
Novas cirurgias
O chefe da equipe médica que operou Bolsonaro disse que o grupo “espera” que não sejam necessárias novas cirurgias. Mas, em razão do quadro complexo do ex-presidente, não é possível dar esse tipo de certeza.