Uma publicação feita pelo geriatra Victor Dornelas sobre o tratamento de saúde de Silvio Santos, morto no último sábado, incomodou os colegas dele no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Em conversas privadas, médicos que trabalham na unidade avaliaram que o conteúdo contrariava orientações gerais destinadas a todos os funcionários para garantir uma “rigorosa política de confidencialidade” aos pacientes.
O relato, removido por Dornelas após se espalhar pelo noticiário, descrevia os últimos dias de Silvio no Einstein como “o maior desafio e o maior privilégio” da carreira do profissional, representando semanas “intensas” de trabalho. O médico ainda narrou ter recebido um conselho apresentador – “A família é muito importante Dr. Victor, não se esqueça” – e agradeceu a confiança das herdeiras dele.
O post, dizem médicos, foge dos padrões que o Einstein dedica a todos os seus pacientes – não apenas Silvio. O acesso virtual a prontuários de quem está internado no hospital, por exemplo, deixa “digitais” no sistema interno da unidade. Ao fazê-lo, é preciso selecionar uma justificativa, que fica salva e pode ser consultada pela direção do Einstein.
Outras informações também são resguardadas. Desde que o dono do SBT foi internado, três semanas atrás, informações como o andar e o número do quarto dele ficaram restritas às equipes que estavam trabalhando para auxiliá-lo, como é praxe na instituição.
Membro desse time, Dornelas até dispunha de diversas informações. Mas não poderia, segundo seus próprios colegas, ter narrado detalhes do contato com Silvio, como o diálogo com o “homem do Baú”. Até o relato do geriatra, a última declaração pública do comunicador havia sido em dezembro de 2023. Graças à exposição, Dornelas ganhou milhares de seguidores nos últimos dias (já são 23 mil).
Questionado se havia determinado a remoção do post de Dornelas, o Einstein afirmou, em nota, que “tem uma rigorosa política de confidencialidade dos dados e informações sobre seus pacientes e orienta regularmente a todos os colaboradores e ao corpo clínico que evitem exposições que possam impactar essa regra”. E acrescentou que, apesar dessa política, “não possui qualquer gestão sobre redes sociais particulares, cabendo a cada um a decisão sobre suas publicações”.
Outro médico atuante no caso de Silvio (eram quatro, ao todo), o geriatra Gabriel Truppel também fez no fim de semana uma publicação a respeito, mantida no ar até agora. Escreveu ele: “Sempre pesarosa uma perda de paciente, ainda mais de alguém tão especial para tantos e que me trazia tantas lembranças do meu avô (…). Em respeito à família e ao paciente, não farei outras declarações”. As informações são do jornal O Globo.