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Política Postagem distorce frase do ministro da Defesa do Brasil sobre a licitação de blindados de guerra israelenses

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"Cada um que responda pelos seus atos. A instituição não teve nem tem envolvimento com isso”, afirma o ministro da Defesa. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Estão compartilhando do WhatsApp e no TikTok que “Lula é antissemita” e “transformou o Brasil em um estado antissemita”. O vídeo diz que o ministro da Defesa, José Múcio, teria dito que o Exército não adquiriu blindados de guerra porque os vencedores da licitação são judeus.

Após investigação do Estadão Verifica (serviço de checagem de informação do jornal O Estado de S. Paulo) a conclusão é de que o conteúdo é enganoso. A postagem distorce uma frase de Múcio. O ministro da Defesa explicou que a compra de material bélico de Israel estava travada por “questões ideológicas” do governo Lula. Assessores da Presidência avaliam que a aquisição dos blindados, por quase R$ 1 bilhão, poderia financiar ataques israelenses a palestinos. Um especialista diz que os entraves relacionados à licitação não representam um caso de antissemitismo por parte do Estado brasileiro.

No dia 8 de outubro, durante um evento para empresários na Confederação Nacional da Indústria (CNI), o ministro da Defesa, José Múcio, afirmou que “questões ideológicas” interferiam nos negócios da pasta.

“Houve agora uma concorrência, uma licitação, e venceram os judeus, o povo de Israel. Mas, por questão da guerra, do Hamas, os grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas por questões ideológicas nós não podemos aprovar”, disse o ministro.

Múcio provavelmente se referiu ao grupo israelense Elbit Systems, que venceu em abril uma licitação para o fornecimento de 36 veículos blindados destinados à artilharia do Exército. O negócio, porém, ficou travado por pendências internas que impedem sua conclusão.

Na avaliação do professor do departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Michel Gherman, o ministro confundiu três categorias distintas: judeus, Israel e povo de Israel. “Não diria que é antissemitismo, mas diria que mostra falta de letramento no tema e pode sim produzir confusão e eventuais preconceitos no público”, explicou ele, em nota.

Ele explica que os termos “Judeus” e “povo de Israel” acionam aspectos de pertencimento a um povo e não assuntos de Estado. “Note que ele não usou sequer Empresas de Israel ou governo de Israel, no caso de serem públicas”, observa Gherman.

O professor reconhece que a atitude do governo em protelar a licitação por questões políticas pode ser alvo de críticas, mas que o caso não configura um caso de antissemitismo.

Assessores do governo contrários à compra argumentam que é incoerente a aquisição dos equipamentos militares de Israel, cujas ações na Faixa de Gaza são criticadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e alegam que a compra dos obuseiros, por quase R$ 1 bilhão, poderia financiar os ataques israelenses aos palestinos.

Recentemente o Tribunal de Contas da União (TCU) impediu o Ministério da Defesa de barrar o prosseguimento da licitação.

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