Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de janeiro de 2025
As críticas de Gilberto Kassab (PSD) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), animaram o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que almejava uma mudança de postura do secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em relação ao governo federal.
Kassab afirmou na quarta-feira (29) que Lula é um candidato forte à reeleição, mas que, se a eleição fosse hoje, ele perderia. O presidente nacional do PSD também criticou o desempenho de Haddad, classificando-o como um ministro “fraco”.
Já na quinta-feira (30), em conversa com jornalistas, Lula reagiu às declarações, dizendo que riu da previsão de Kassab e que considerou sua crítica a Haddad “injusta”.
Para aliados do ex-presidente, as falas de Kassab podem sinalizar uma nova fase e um cenário mais favorável para a aproximação do dirigente do PSD com Bolsonaro e a direita. No entanto, os bolsonaristas ainda encaram o movimento com cautela e evitam fazer um diagnóstico precipitado. A avaliação é de que é preciso aguardar o desfecho da reforma ministerial do presidente Lula para medir com mais precisão a direção que o PSD pretende tomar. Caso o partido amplie seu espaço no governo federal, por exemplo, Kassab poderá recuar algumas casas na relação com o grupo, diz um aliado de Bolsonaro.
Kassab tem se articulado nos bastidores para ser indicado como vice na chapa de Tarcísio à reeleição, mas enfrenta resistência principalmente na ala bolsonarista. Interlocutores de Bolsonaro garantem que há espaço para diálogo, mas reforçam que uma aproximação depende exclusivamente dos gestos de Kassab.
A crítica ao governo Lula é vista como um primeiro passo, mas os bolsonaristas esperam que Kassab dê sinais mais concretos de alinhamento, como uma declaração de apoio à PEC que prevê anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
Bolsonaristas de uma ala menos radical torcem por uma reconciliação entre Kassab e Bolsonaro, pois isso aliviaria a pressão sobre Tarcísio de Freitas, que se vê no meio do embate entre os dois. O governador é constantemente cobrado por Bolsonaro por manter Kassab em um cargo estratégico no governo de São Paulo.
As declarações de Kassab sobre o governo Lula expõem um mal-estar entre o PSD e o Planalto cuja origem está na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. O partido queria emplacar o deputado Antonio Brito (PSD-BA), mas o PT apostou em Hugo Motta (Republicanos-PB), que deve ser eleito para o cargo neste sábado, 1º.
Um aliado próximo a Kassab avalia que sua crítica ao governo federal pode ser, também, um movimento calculado para fortalecer a posição do PSD e ganhar mais espaço na reforma ministerial. O mesmo foi interpretado por integrantes do governo Lula, que veem na postura de Kassab uma tentativa de valorizar o passe do partido nas negociações. Hoje, o PSD está à frente de três ministérios: Agricultura, com Carlos Favaro; Pesca, com André de Paula; e Minas e Energia, com Alexandre Silveira.
A pasta da Agricultura está na mira do Centrão, mas Fávaro tem garantido a interlocutores que não se sente ameaçado no cargo e que manterá o comando da pasta. Enquanto isso, deputados do PSD têm demonstrado interesse em trocar o Ministério da Pesca pelo do Turismo, considerado mais estratégico por sua maior capilaridade nos Estados e municípios. (Estadão Conteúdo)