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A poupança rende menos, mas volta a atrair milionários no primeiro semestre

Facilidade ainda é atrativo. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

As sucessivas quedas na taxa de juros e o cenário de inflação controlada tiveram como efeito colateral um aumento do número de milionários que decidiram deixar seus recursos na caderneta de poupança. Em quatro anos, o crescimento foi de 25,9%, para 12,8 mil clientes.

Os dados são do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) e se referem a junho deste ano.

Se, do ponto de vista financeiro, a caderneta é uma das últimas alternativas recomendadas para esse público, que tem acesso a uma ampla gama de produtos com ganho mais expressivo mesmo na renda fixa, alguns fatores ajudam a explicar a preferência.

Um deles é a facilidade de aplicação, diz Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira e da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros). Basta ter uma conta de poupança em banco. “Se for para o Tesouro Direto, ele teria que abrir conta em uma corretora. Aí tem também o Imposto de Renda. Se for fundo, tem que pesquisar a taxa de administração. A caderneta é mais simples”, afirma.

Por outro lado, complementa, não faz sentido deixar muito tempo o dinheiro nessa aplicação. “É para no máximo um ano, para deixar como reserva estratégica em caso de alguma eventualidade.”

Há também os que “esquecem” os recursos, diz Michael Viriato, professor do laboratório de finanças do Insper e autor do blog “De grão em grão”, hospedado pelo jornal Folha de S. Paulo.

“Eventualmente, pode ser uma pessoa que deixou esse dinheiro anos atrás, e não tem um gerente que sugira tirar o dinheiro da caderneta e aplicar em algo melhor”, diz. “Na falta de quem diga o que fazer com o dinheiro, ele deixa no mais simples.”

Estratégia

Por outro lado, houve aqueles que souberam aproveitar uma janela de oportunidade na caderneta, quando a taxa Selic estava em 9,25% ao ano, diz Francisco Levy, diretor da Planejar, associação de planejadores financeiros.

Segundo ele, quando os juros estão entre 9,25% e 8,5%, a caderneta ganha atratividade, por causa da isenção de Imposto de Renda. “A tributação de curto prazo penaliza os investidores de CDBs e fundos. Se a Selic está em 9% ao ano e 22,5% do ganho vai para o imposto, você está falando em quase um quarto do 9% que vai embora”, diz.

Além de abrir mão de um ganho maior, quem deixa mais de R$ 1 milhão na caderneta ainda tem que lidar com o risco de perder parte do dinheiro em caso de quebra da instituição financeira em que os recursos estão. O FGC (Fundo Garantidor de Créditos) assegura depósitos até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira.

No caso de quem tem mais que R$ 1 milhão, seria necessário dividir os valores em bancos diferentes para contar com a garantia integral do FGC, afirma Reinaldo Domingos, da DSOP.

Retorno

Embora expressivo, esse movimento de atração de milionários pela poupança não é novo: em junho de 2015, o número de contas com mais de R$ 1 milhão também rondou os 12,8 mil.

A inflação elevada e a taxa de juros em alta -chegou a 14,25% em julho daquele ano-, porém, fizeram com que esses investidores milionários fossem em busca de opções mais vantajosas.

Atualmente, a maior parte dos clientes (58,8% do total) tem até R$ 100 depositados na poupança.

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