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Colunistas Pouso suave

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O atual Presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, esteve palestrando em Curitiba-PR, no último dia 11.08.2023, para uma plateia de atentos empresários locais. O neto de Roberto Campos, um dos economistas liberais mais conhecidos no País, discorreu sobre a situação atual de nossa economia, apontando riscos, avanços em sua gestão e oportunidades que o Brasil apresenta diante das atuais transformações que ocorrem no mundo. Sem a fina ironia do avô, e bem mais contido em suas falas, o ainda jovem Presidente do BC, porém, não deixa de colecionar também virtudes, talvez a mais necessária delas a capacidade de conviver com um Governo que lhe é hostil, particularmente na questão envolvendo a atual taxa básica de juros. Campos Neto, em linha com a “Escola de Chicago”, não esconde ter herdado uma saudável desconfiança sobre a capacidade limitada de qualquer governo fazer o bem, mas nutre uma visível convicção de que governos tem uma aptidão ilimitada para promover o mal. Portanto, prudência e uma certa dose de conservadorismo na condução da política monetária, são não apenas esperados em sua gestão, como fazem parte daquilo que ideologicamente o movem. Isso, contudo, não impede que o Banco Central brasileiro esteja à frente de importantes inovações no sistema financeiro nacional, cuja estrela maior é o PIX, um caso de sucesso desde a seu lançamento, em 2020.

Uma das preocupações de Campos Neto é quanto à acomodação dos cerca de U$ 9 trilhões que foram despejados pelos bancos centrais durante a última pandemia de Covid-19. Além da desorganização das cadeias globais de produção, a inflação vem sendo o preço pago pelas maiores economias europeia e americana, uma vez que o remédio dos juros teria sido tardiamente aplicado, medida que o Bacen brasileiro não vacilou em adotar. A China também está no radar das preocupações estratégicas, já que sua população vem envelhecendo, impondo um fim ao “bônus demográfico”, e uma China menos dinâmica certamente afetará a todos. Na parte positiva do ambiente global, a boa notícia fica por conta dos EUA, cuja Bolsa de Valores tem refletido o excepcional momento das tecnologias envolvendo o uso da Inteligência Artificial (IA), fato que denota como os americanos ainda dominam a inovação em escala planetária.

Para a agenda doméstica, existe uma sinalização de queda na atual Selic, o que deve, gradualmente, voltar a aquecer alguns setores mais dependentes de crédito, notadamente o Varejo, a Construção Civil, além de aliviar um pouco o bolso dos consumidores, uma vez que os níveis de endividamento das famílias estão acima de 70% e afetam diretamente a capacidade de consumo das pessoas. Questionado, como esperado, sobre por que o Brasil ostenta a maior taxa de juros reais no mundo, Campos Neto atribui o fato ao volume de crédito direcionado que ainda temos e ao alto porcentual de endividamento interno em relação ao PIB. Essa desconfiança, segundo ele, tem obrigado o Bacen a praticar juros acima da inflação para conseguir “rolar a dívida”.

O destaque do evento ficou por conta do papel inovador que o Bacen vem assumindo. Atento aos avanços tecnológicos, o Banco Central age no sentido de estimular maior competição entre os bancos, reconhecendo haver ainda enorme concentração bancária no País. Nessa direção, caminha-se, de acordo com Campos Neto, para a criação de uma grande plataforma de “Open Finance”, gerando maior eficiência nas transações. Num único aplicativo, haverá acesso a todos os bancos, permitindo aos usuários optar por melhores condições em termos de juros, tarifas e prazos, submetendo todo o sistema a maior competição. Depois do enorme sucesso do PIX, foi lançado agora o DREX, moeda virtual que promete manter as iniciativas do Bacen na vanguarda que o colocou em destaque nos últimos anos. De uma instituição austera e fechada, percebe-se hoje uma inclinação do Banco Central do Brasil para maior abertura e inovação, o que pode ser bastante positivo para toda a economia, reforçando o acerto de conferir autonomia para o banco dos bancos.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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