“Sou preciosa, sou poderosa, sou perigosa.” O mantra da ambiciosa Preciosa Montebello, personagem da atriz Marina Ruy Barbosa na nova novela das sete da TV Globo, Fuzuê, pode parecer pretensioso, além de cômico. Marina, de início, também achou. Não apenas o lema da vilã Preciosa, mas também suas atitudes, cruéis demais.
Atualmente, Marina já consegue enxergar a personagem com outros olhos. “Não dá para falar mal de Preciosa perto de mim”, brinca a atriz. “Absurda” é um dos adjetivos que Marina usa para definir essa que é sua primeira grande vilã na televisão – antes, ela havia feito uma mirim, a Alice, de Morde & Assopra, quando tinha 15 anos.
Preciosa, na trama escrita por Gustavo Reiz, é uma empresária que tem na ostentação seu estilo de vida. Herdeira e administradora da Conde de Montebello Joias, ela tenta levar adiante o negócio herdado do pai, César Montebello (Leopoldo Pacheco), que deixou um tesouro escondido. O que ela não imaginava é que teria de dividir a fortuna com uma meia-irmã, Luna, personagem de Giovana Cordeiro, descoberta após a morte do pai.
Um dos freios de Preciosa será a mãe, Bebel, personagem de Lilia Cabral, a verdadeira administradora da joalheria. Uma mulher correta e gentil. As duas viverão uma relação de altos e baixos. Preciosa é casada com o deputado igualmente malvado Heitor (interpretado por Felipe Simas) e mãe de Bernardo, papel do menino Theo Mattos.
A defesa que Marina faz de sua personagem tem a ver com o horário em que a novela será exibida. A faixa das sete costuma trazer tramas mais leves, comédias românticas – mas, neste caso, há a possibilidade de se escapar um pouco da realidade.
“Sempre fui muito feliz nesse horário. Fiz Morde & Assopra, Totalmente Demais e Deus Salve o Rei. Esse horário nos permite pirar. Preciosa mesmo fala: ‘Tudo pode acontecer. Você quer, você pode, você brilha’. É ser feliz e brincar no set”, afirma Marina, que aos 28 anos está em sua 15.ª novela.
Novelão
Marina diz que Fuzuê é um “novelão” e que Preciosa é capaz “até de matar”. O caminho natural, então, seria que a atriz buscasse referências em vilãs clássicas das novelas brasileiras – e elas são adoradas pelo público, vide Maria de Fátima e Odete Roitman (Vale Tudo), Nazaré (Senhora do Destino) e Raquel (Mulheres de Areia).
Entretanto, ela conta que se deixou guiar pelo texto de Reiz e pela orientação dos diretores da novela e de colegas de cena, como Lilia, Simas e Juliano Cazarré. Ela acha que Preciosa tem uma personalidade bastante específica.
Além de muito má, Preciosa é uma apresentadora de TV. Uma espécie de coach de riqueza e positividade. Uma personalidade destes tempos atuais. E, nisso, entra mais uma camada da personagem: parecer legal é diferente de ser legal.
“É algo como: que lindo seu discurso, pena que te conheço. Há figuras públicas que são assim. É uma personagem dentro da personagem. É por aí que vai o lado mais cômico da Preciosa”, explica Marina.
Gênero novela
A atriz lembra que estava em busca de uma personagem assim, diferente das mocinhas para as quais costuma ser chamada para interpretar. Para isso, contou com a compreensão da TV Globo – sua última novela foi O Sétimo Guardião, que terminou em maio de 2019. De lá para cá, filmou a série Rio Connection, parceria do Globoplay com a Sony, ainda inédita no Brasil.
“Cresci no gênero novela. Estava com saudade. As pessoas estavam me cobrando para voltar, mas, realmente, não tinha encontrado uma personagem que tanto eu quanto a emissora concordássemos que seria boa para mim. Amo as mocinhas, mas não queria, neste momento, voltar à TV para fazer mais uma delas”, declara.
Além de se sentir à vontade com a oportunidade de fazer algo diferente na televisão, veículo no qual estreou aos 9 anos, Marina celebra estar entre amigos em Fuzuê.
Com Felipe Simas, a atriz fez par na bem-sucedida Totalmente Demais (2015). Com Lilia Cabral, participou de Começar de Novo (2004), Império (2013) e O Sétimo Guardião. A intimidade, segundo Marina, ajuda.