Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de abril de 2023
O preço do barril do petróleo WTI, negociado em Nova York, teve a maior alta em um ano, nessa segunda-feira (3). O contrato futuro do petróleo do tipo Brent, que é referência mundial, também teve alta de 6,3%. A subida ocorreu após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) reduzir a produção para forçar um aumento no preço do mercado internacional.
Os nove países da Opep e os aliados, como a Rússia, anunciaram que vão cortar, conjuntamente, mais de 1 milhão de barris de petróleo de maio até o fim do ano. O grupo, que produz metade do petróleo do mundo, só se reuniria em junho, mas antecipou a decisão.
O Ministério de Energia da Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, explicou que foi uma medida de precaução para ajudar a estabilizar o mercado.
Em outubro, a organização já tinha anunciado uma redução de 2 milhões de barris por dia. Na época, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu que a Arábia Saudita sofreria consequências.
O especialista em mercado de petróleo John Driscoll afirma que a pressão dos Estados Unidos e da Europa não vai fazer a Opep mudar de ideia.
“Eles vão seguir em frente e fazer o que eles, como um grupo ou um cartel, estão organizados para fazer: equilibrar oferta e demanda”, diz.
A decisão deixou a Casa Branca em uma saia-justa. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional afirmou, nesta segunda, que foram informados com antecedência, mas rebateu que os cortes de produção não são aconselháveis neste momento por causa da incerteza do mercado. A palavra por lá é que o foco vai continuar sendo baixar os custos para os consumidores.
Há meses o governo americano trabalha para reduzir os preços do combustível. No ano passado, em uma medida sem precedentes, Joe Biden liberou 180 milhões de barris da reserva estratégica de petróleo dos Estados Unidos.
Analistas
Analistas do Goldman Sachs Group afirmaram que o grupo tem poder de precificação muito significativo em relação ao passado, e que o corte anunciado no domingo “é consistente com sua nova doutrina de agir preventivamente porque eles podem fazê-lo sem perdas significativas de participação de mercado”.
A redução, combinada com a extensão dos cortes na produção russa, levou a gigante de Wall Street a elevar sua previsão de petróleo Brent de US$ 90 para US$ 95 o barril em dezembro deste ano, e de US$ 95 para US$ 100 em dezembro de 2024.
O Goldman acrescentou que, ao contrário do corte anterior da Opep+ em outubro, o momento da demanda global por petróleo é positivo em meio a uma forte recuperação na China e margens de refino resilientes.
Já Daniel Hynes, estrategista sênior de commodities do ANZ Group, afirmou que probabilidade de o barril chegar a US$ 100 antes do fim de 2023 “certamente aumentou após essas medidas”:
“Assim como o resto do mercado, fiquei bastante surpreso com a mudança. Essa medida envia um sinal muito forte ao mercado de que eles vão apoiar os preços.
O Bank of America (BofA), contudo, mantém sua previsão de Brent acima de US$ 90 o barril no segundo semestre deste ano.
“Qualquer mudança inesperada de 1 milhão de barris por dia nas condições de oferta ou demanda ao longo de um ano pode impactar os preços entre US$ 20 e US$ 25 por barril” disse Francisco Blanch, chefe de pesquisa de commodities e derivativos do BofA.