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Preço mundial do Petróleo fecha a semana com alta de 10%; veja a expectativa do mercado

As incertezas sobre o desempenho da economia da China têm servido como uma espécie de trava para o avanço do preço do petróleo no mercado internacional. (Foto: Reprodução)

As incertezas sobre o desempenho da economia da China têm servido como uma espécie de trava para o avanço do preço do petróleo no mercado internacional. Desde a entrada do Irã no conflito no Oriente Médio, a cotação da commodity subiu quase 10%, de US$ 71 para cerca de US$ 78. Apesar da alta, a expectativa inicial era de aumentos ainda maiores com a escalada da guerra, após o bombardeio no Líbano.

Embora alguns analistas projetassem que o barril pudesse chegar a US$ 200 há alguns meses, com uma eventual entrada do Hezbollah na guerra – o que já aconteceu –, o clima ainda é de incerteza em relação à escalada do conflito entre árabes e judeus e à perspectiva de demanda chinesa por petróleo.

No entanto, uma reação imprevisível do Irã pode adicionar um novo fator de pressão. Oitavo maior produtor de petróleo do mundo, com 4,4 milhões de barris por dia, o país tem um papel central na logística de distribuição da produção do Oriente Médio, já que controla o Estreito de Ormuz, na entrada do Golfo Pérsico, entre Omã e Irã. Essa via é responsável por mais de 30% do transporte de petróleo no mundo.

“Essa tensão está começando a se refletir no preço, pois, com o risco de um eventual fechamento do Estreito de Ormuz, o frete e o seguro ficam mais caros. Isso impacta toda a economia global, gerando inflação em um momento de preços já altos. Mas quando isso vai acontecer é difícil de prever. Hoje, todo mundo está esperando para ver quem vai apertar o botão primeiro”, afirma Pedro Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Apesar da escalada da guerra, Rodrigues explica que, desde a pandemia, quando os preços chegaram a superar os US$ 100 por barril, diversos países aceleraram a produção, como Estados Unidos, Guiana e o próprio Brasil.

“Esse aumento de oferta não foi acompanhado pela expansão da demanda. Hoje, se olharmos para a China, há uma grande incerteza. Isso tudo fez o petróleo chegar a US$ 70 por barril. Com a guerra entre Ucrânia e Rússia, o preço subiu, mas logo o mercado se acomodou, pois a Rússia conseguiu escoar sua produção. Então, sem questões geopolíticas, o petróleo tende a se manter nesse patamar, por conta da China.”

Sergio Araújo, presidente-executivo da Abicom, que reúne os importadores de combustíveis, ressalta que o momento é de incerteza. Segundo ele, há uma expectativa de uma maior ofensiva do Irã com o fechamento do Estreito de Ormuz e de ataques a infraestruturas importantes para a indústria de petróleo no país.

“Por outro lado, apesar da escalada da guerra e dos ataques a instalações de petróleo, a retomada da China é cercada de dúvidas, o que mitiga a alta do preço do petróleo.”

Segundo especialistas, a dúvida recai ainda sobre como a Petrobras pode lidar com essa variação de preços no cenário internacional. Nas últimas semanas, a estatal estava vendendo gasolina e diesel mais caros em relação ao exterior. Após rumores de que a companhia poderia reduzir os preços ao longo da próxima semana, caso o petróleo se mantivesse no mesmo patamar, fontes indicam que a Petrobras tirou o tema do radar.

“Com essa alta do petróleo e dos derivados no mercado internacional, houve uma reversão. Os preços da estatal, que estavam acima da paridade, agora estão abaixo. Acredito que a Petrobras vai aguardar para fazer qualquer movimentação. O diesel está com preço congelado neste ano todo”, diz Araújo.

Segundo a Abicom, o diesel vendido pela estatal está hoje 4% mais barato em relação ao exterior, assim como a gasolina, que está com preço 5% menor. O movimento é o inverso das últimas semanas, quando os valores chegaram a estar entre 6% e 7% maiores em comparação ao cenário internacional.

“A Petrobras está entre a cruz e a espada. A atual política de preços é uma dúvida no mercado, pois não há previsibilidade nem transparência. Não seguir a tendência de preços nem sempre é vantajoso para o consumidor”, conclui Rodrigues, do CBIE. As informações são do jornal O Globo.

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