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Economia Preços baixos e volta do investidor estrangeiro devem impulsionar a Bolsa brasileira, depois de um agosto ruim e de queda de 5,1% do Ibovespa

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Principal índice da Bolsa de SP, a B3, alcançou proximidade do patamar recorde depois de melhora de percepção de risco internacional. (Foto: Reprodução)

Depois de um agosto ruim – e de queda de 5,1% do Ibovespa –, analistas de diferentes casas de investimentos e bancos esperam uma virada no desempenho do principal índice da Bolsa neste mês, impulsionada tanto por preços baixos em relação ao potencial das ações quanto pela volta dos investidores estrangeiros – que realizaram lucros e saíram do mercado em agosto.

De acordo com Fernando Ferreira, estrategista e chefe da área de análise da XP, um levantamento feito pela corretora com assessores de investimentos e investidores institucionais mostrou que existe a intenção de elevar a exposição em Bolsa de Valores, porém, em setores tidos como defensivos.

“A nossa pesquisa interna mostrou essa intenção dos investidores, de voltar com alocação em ações”, disse Ferreira, acrescentando que a preferência entre os agentes é por companhias de energia elétrica, bancos e alguns papéis de shopping centers, que costumam dar retorno e não apresentar oscilações abruptas de preços.

Outra sondagem, esta realizada pelo Broadcast Investimentos sobre as carteiras recomendadas para setembro pelos principais bancos e corretoras do País, confirma esse sentimento de cautela. Entre as ações mais recomendadas para o mês, a maioria é de empresas de setores defensivos, caso dos papéis de Itaú, PetroRio, Assaí, Petrobras e Eletrobras. Outras ações, como Vale e Gerdau, também aparecem nas listas das mais recomendadas do mês.

“Tivemos alguns pontos no mês passado que levaram o Ibovespa para a queda, como foi o caso da saída de investidores institucionais por causa de resgates na Bolsa. Com isso, a indústria teve de vender forçadamente as ações”, explicou Ferreira, que disse ter sido surpreendido pela saída maciça de investidores estrangeiros em agosto.

Espaço

“Os investidores aproveitaram para embolsar lucros, mas há bastante espaço para o mercado voltar a subir. Nossa recomendação é do Ibovespa a 133 mil pontos ao final de 2023. Temos uma visão otimista para as ações no Brasil”, disse.

Em relatório, o BTG Pactual também destaca que o fraco desempenho de agosto elevou a atratividade de diversas ações. “Apesar de as taxas de juro reais de longo prazo terem subido em agosto, a forte correção dos papéis de companhias brasileiras fez com que o prêmio para possuir ações aumentasse para perto de dois desvios padrão acima da média histórica (5,2%)”, explicaram os analistas do banco de investimentos, em documento.

A Ágora Investimentos compartilha da mesma opinião em seu relatório de setembro. “Estamos confortáveis com a nossa posição de que a Bolsa brasileira continua barata, o que naturalmente abre espaço para compra de ações de forma criteriosa para investidores com olhar para o longo prazo. Em inúmeras ocasiões, no entanto, argumentamos que não estávamos diante de um ‘bull market’ (mercado de alta), e reforçamos nossa convicção nesta tese.”

Preocupações

Na visão dos analistas, contudo, o cenário macroeconômico ainda traz incertezas sobre o andamento da economia ao longo do ano, com impactos para o mercado acionário brasileiro. O exterior também traz preocupações. Para Ferreira, da XP, a desaceleração da economia da China, dúvidas sobre quando e o tamanho da recessão que a Europa pode enfrentar e a capacidade de a atividade econômica dos Estados Unidos manter sozinha o desenvolvimento das demais economias são pontos no radar.

“Nossa visão, hoje, para os Estados Unidos é mais cautelosa, com uma possível recessão no início de 2024”, diz o economista da XP. Internamente, ele destaca a preocupação em torno do risco fiscal, onde se inclui a discussão sobre o fim dos Juros sobre Capital Próprio (JCP). “Segundo cálculos internos, o fim do JCP pode reduzir entre 15% e 20% o lucro anual de setores e empresas.”

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse em relatório que “o cenário local tem ficado menos construtivo e as complicações no exterior nos preocupam, principalmente o problema imobiliário chinês, não sendo trivial que o governo conseguirá estabilizar o mercado, ainda mais em um cenário de juros altos nos países desenvolvidos”.

A Ágora Investimentos também citou, em sua carta, o exterior como preocupação para o mercado de ações. “Entendemos que o cenário externo se configura como o principal fator de risco para o desempenho dos nossos ativos no curto e médio prazo. Preocupa o fato de que a economia americana possa enfrentar um período de juros restritivo por mais tempo e que, eventualmente, o risco de recessão se torne o cenário base à frente”, disse, acrescentando: “Ao mesmo tempo em que segue com dados indicando fraco crescimento”.

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