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Preços do petróleo recuam 5% após o Fundo Monetário Internacional cortar perspectivas de crescimento

O barril do petróleo tipo Brent está sendo negociado a US$ 78,50 nesta sexta. (Foto: Divulgação/Petrobras)

Os preços do petróleo caíram cerca de 5% em uma sessão de negociações voláteis nesta terça-feira (19) devido a preocupações com a demanda, depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou suas previsões de crescimento econômico e alertou para uma inflação mais alta.

O petróleo Brent caiu US$ 5,91, ou 5,22%, para fechar a US$ 107,25 o barril, enquanto o petróleo dos Estados Unidos recuou US$ 5,65 , ou 5,22%, para fechar a US$ 102,56 o barril.

Os preços caíram apesar da menor produção da Opep+, que produziu 1,45 milhão de barris por dia (bpd) abaixo de suas metas em março, à medida que a produção russa começou a diminuir após as sanções impostas pelo Ocidente por sua invasão da Ucrânia, de acordo com um relatório da aliança de produtores.

O FMI reduziu sua previsão de crescimento econômico global em quase um ponto percentual, citando o conflito da Rússia, e disse que a inflação agora é um “perigo claro e presente” para muitos países.

A perspectiva aumentou a pressão das negociações do dólar em uma máxima de dois anos.

Um dólar mais firme torna as commodities cotadas na moeda mais caras para os detentores de outras divisas, o que pode diminuir a demanda.

Fusões e aquisições no Brasil

O mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no Brasil voltou a ganhar tração nas últimas semanas depois das transações se reduzirem no país em meio à combinação de fatores negativos no cenário macroeconômico, incluindo a guerra na Ucrânia.

Houve uma queda de cerca de 15% no número de negócios no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, conforme dados da Dealogic mencionados por especialistas durante evento organizado pela Brazilian-American Chamber of Commerce, na manhã desta terça-feira (19).

De acordo com a sócia do Mattos Filho, Luciana Pietro Lorenzo, é possível notar um maior movimento em M&As nas últimas semanas, principalmente nos setores de educação e de fintechs, startups do setor financeiro. “Estou otimista. Os negócios estão voltando”, afirmou ela.

O chefe de Assessoria Financeira da gestora Vinci Partners, Felipe Bittencourt, afirmou que apesar da queda nos negócios durante o primeiro trimestre, o Brasil está diante de uma oportunidade de avançar no mercado de M&As.

“O Brasil é a maior economia e tem uma democracia forte. Definitivamente, estamos diante de uma oportunidade de avançar e colocar o país em outro nível de qualidade de capital que atraímos”, disse, referindo-se à entrada de recursos estrangeiros no país.

Para o chefe de M&A para Brasil do UBS, Fabio Mourão, o Brasil também está diante de uma “enorme” oportunidade, quando considerado o movimento de reorganização global das cadeias de suprimentos e a necessidade de uma maior diversificação nos comércios como efeitos da pandemia e da guerra.

“Tivemos uma combinação de fatores (…) guerra, inflação, quando você põe todas juntas, há preocupações, mas não é um fenômeno brasileiro, vemos isso em outros mercados como nos EUA”, disse, ao explicar os fatores que provocaram a queda dos M&As no início do ano.

Segundo ele, o câmbio, uma das variáveis mais importantes nas avaliações de investimentos no país, deve se manter nos níveis atuais em função de fluxos de dólares puxados pelos juros altos e os elevados preços das commodities exportadas por empresas brasileiras.

Mourão, no entanto, ponderou que um aumento acima das expectativas dos Fed Funds, os juros básicos dos Estados Unidos, pode provocar um aumento de custo de capital que teria impacto nos negócios de aquisições.

Bittencourt, da Vinci Partners, disse que a redução das transações vista no primeiro trimestre já ocorreu no passado, quando o Brasil navegou em elevadas taxas de juros, como acontece agora. “Temos mais transações quando há uma visão mais estável para a economia”, disse.

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