Diante do pedido enviado na quinta-feira (23), pela ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre) à prefeitura para reajuste da tarifa de ônibus em R$ 0,50, o prefeito Nelson Marchezan Júnior reuniu-se com o vice-presidente do TCE-RS (Tribunal de Contas do Estado do RS), Pedro Henrique Poli de Figueiredo, para apresentar a importância da política de priorização do transporte coletivo e debater alternativas para contenção do aumento solicitado.
O valor pago por quem anda de ônibus na Capital está entre os mais altos do Brasil. A tarifa é de R$ 4,70, impactada por uma soma de fatores. Entre eles, está a diversidade de categorias isentas de pagamento, que chegam a 30% dos usuários – bem acima da média nacional, de 22%. Essa diferença percentual carrega o custo do bilhete com R$ 0,55 a mais. Outro fator é o custo da mão de obra na atividade, que chega a 29% acima da média nacional e representa R$ 0,40 a mais no preço da passagem. Além disso, cerca de R$ 0,15 correspondem ao custeio por diferenciais de serviço, como ar-condicionado e suspensão a ar nos veículos.
O prefeito expressou ao vice-presidente do TCE sua preocupação com o pedido de aumento e apresentou iniciativas em discussão pela Secretaria Extraordinária de Mobilidade Urbana, que trabalha em uma nova proposta de remuneração dos serviços de transporte coletivo. “Em todo o mundo, o modal que transporta a maior quantidade de pessoas sem outras alternativas de mobilidade por conta do custo é o ônibus. É hora de avançar no debate para definir novas fontes de custeio para esse serviço essencial ao cidadão”, defende Marchezan.
Segundo o vice-presidente do Tribunal, a iminência de reajuste também preocupa o órgão. “As alternativas apresentadas nos parecem extremamente válidas. Estamos tentando construir em conjunto soluções para ajudar o transporte coletivo de Porto Alegre. A cidade pode ter grandes melhorias nesse sentido”, afirma.
Prioridade
Desde o início da atual gestão, o governo municipal afirma priorizar o transporte público. Segundo o Executivo, os esforços financeiros e de administração evitaram aumentos no custo do serviço. A prefeitura conteve altas de R$ 0,15 na tarifa com a otimização das linhas; de R$ 0,25 com a diminuição de 50% da gratuidade no desconto da segunda passagem; e de mais R$ 0,05 com a adequação da isenção para idosos à legislação federal, impedindo ao todo um aumento de R$ 0,45 no bilhete praticado hoje.
Iniciativas de modernização do serviço também avançaram. A prefeitura implantou GPS em 100% da frota e trabalha na ampliação das faixas exclusivas para ônibus, que devem somar mais 22 quilômetros. Lançou o aplicativo TRI, com localização em tempo real dos ônibus, e facilitou a recarga do cartão, com a possibilidade de pagamento por cartão de crédito ou boleto via internet. Também implantou o reconhecimento facial em 100% da frota e, além disso, viabilizou novos mecanismos de segurança e proteção aos passageiros e trabalhadores do transporte coletivo – o que ajudou a reduzir em 78% os assaltos a ônibus.