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Por Redação O Sul | 3 de outubro de 2019
A Guerra dos Farrapos, entre os anos 1835 e 1845, colocou o Rio Grande do Sul no mapa da história, passando a ser contada e cantada desde então, principalmente durante os festejos Farroupilha. No entanto, os motivos que deram origem à República Riograndense ganharam nova conotação nos últimos anos. O radialista Oderban Pires, por iniciativa e recursos próprios, se debruçou sobre locais, batalhas e fatos que envolveram o período, trazendo novas revelações sobre a Guerra em um documentário intitulado “Farrapos – A Verdade e O Mito”.
Entrevistas com historiadores, somada a uma vasta bibliografia e ainda milhares de quilômetros percorridos Rio Grande do Sul afora, em visitas a locais e batalhas envolvidos na Guerra dos Farrapos culminaram com uma nova versão da disputa entre chimangos e maragatos, lançada em 2016 pelo autor. A obra vem ilustrando palestras e exibida também em eventos desde então, principalmente nas datas que celebram os festejos Farroupilha.
Agora, o trabalho ganha novamente voz pela distinção que o Oderban Pires recebe nesta quinta-feira (03), da Prefeitura de Rio Pardo, a Comenda Brasão de Rio Pardo, numa exaltação a este trabalho que levou cinco anos ininterruptos de pesquisa e detalhamento sobre os verdadeiros fatos históricos do período.
Um dos heróis da Revolução, Onófrio Pires, amigo fraterno de Bento Gonçalves, é tenta avô de Oderban, o que impulsionou sua motivação para a pesquisa. As cidades de Piratini, Caçapava do Sul e Alegrete, as três capitais da República Riograndense, respectivamente, foram percorridas. “Liguei as capitais e refiz toda a rota de José Garibaldi”.
Oderban Pires compara a Batalha à Guerra do Vietnã, em que nem este nem os Estados Unidos saíram vencedores, tendo sido encerrada por acertos políticos. “O mesmo ocorreu aqui, os esfarrapados constituem um mito. O general Duque de Caxias se valeu de artimanhas para afastar Bento Gonçalves e o General Neto do comando”.
Um dos principais documentos em que a pesquisa se baseou, como aponta Oderban Pires, foi o livro de um correspondente de guerra italiano, Luidi Nascimbene, datado de 1850, na Europa, tendo ficado de lado durante muitos anos. “O documento é riquíssimo porque ele vivenciou os fatos que motivaram a guerra por um ideal republicano”. Na época, predominavam as monarquias, mas já sinalizando o surgimento de um estado livre, principalmente na América do Sul, como defende o comunicador.
Oderban se diz “muito contente com a distinção. Rio Pardo foi o primeiro município a reconhecer o trabalho que realizei com muito amor. Divulguei a cidade de Rio Pardo para o mundo”. Ele lembra a Batalha do Barro Vermelho, de 30 de abril de 1838, em Rio Pardo. “O maior contingente militar brasileiro, formado por três mil homens, atacaram os imperiais na localidade, com grande façanha estratégica”.
Com cerca de 40 anos de profissão e há 18 anos atuando na Rede Pampa, onde comanda os microfones do programa Pampa na Madrugada, Oderban Pires diz que onze temas diários são discutidos no ar, pautados em cima de futebol, política e religião. “São debates com assuntos do momento e notícias referentes ao dia e seus principais acontecimentos ao longo da história da humanidade” Em paralelo a sua atividade junto aos microfones da emissora, o radialista mantém firme seus planos de dar continuidade ao trabalho de pesquisa sobre a Revolução Farroupilha. “Tenho mais de mil horas de gravação. Quero lançar uma segunda edição do documentário”, finaliza. (Clarisse Ledur)