Terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2024
Jeremy Allen White venceu como Melhor Ator em Série de Comédia com "O Urso".
Foto: ReproduçãoSabe quando você vai a uma festa ou um bar com seus amigos e, ao chegar lá, descobre estar usando a mesma roupa que não só um, mas dois deles? E você ainda foi o último a chegar, então perdeu qualquer efeito de novidade, ou mesmo o impacto inicial de ter sido o primeiro gêmeo de figurino? É mais ou menos disso que a 75ª cerimônia do Emmy, exibida na noite de segunda-feira (15) sofreu. Com o atraso causado pela greve dos atores e roteiristas em Hollywood, a premiação que era pra ser de 2023 teve que ser adiada para 2024, depois do Globo de Ouro e do Critics Choice Awards e… acabou repetindo praticamente os mesmos vencedores, com aquele saborzinho um tanto amargo de déjà vu.
Succession (melhor série, ator, atriz, ator coadjuvante, roteiro e direção de drama), O Urso (melhor série, ator, atriz e ator coadjuvante, roteiro e direção de comédia) e Treta (melhor minissérie, ator, atriz, roteiro e direção) encontraram mais um rodo em seu almoxarifado para passar impiedosamente sobre seus pobres concorrentes – assim como já haviam feito nas premiações anteriores da temporada. E com esses resultados previsíveis, os momentos de maior destaque e emoção da noite ficaram para algumas poucas surpresas fora das categorias principais e para a celebração que a Academia da Televisão norte-americana promoveu dos seus 75 anos de história.
Destaque
Confirmando essa teoria, as vencedoras na categoria “melhor discurso de agradecimento” foram duas atrizes que não estavam em nenhuma dessas séries. Niecy Nash-Betts, premiada como melhor atriz coadjuvante em minissérie por Monstro: A História de Jeffrey Dahmer, agradeceu a si mesma e dedicou sua vitória a “todas as mulheres negras ignoradas e desmedidamente policiadas”, como sua personagem.
Já a icônica Jennifer Coolidge, no seu bicampeonato como melhor atriz coadjuvante em série dramática pela segunda temporada de The White Lotus, agradeceu a “todas as gays maldosas”, cementando o status da série como um marco de representatividade das gays venenosas, assassinas e trambiqueiras. O grupo GLAAD – responsável pelas políticas afirmativas de representatividade LGBTQIA+ no audiovisual norte-americano, que foi reconhecido com o Governor’s Award na cerimônia – talvez tenha gostado do agradecimento. Ou não.
O maior destaque da noite, porém, foi provavelmente a celebração no palco dos grandes indicados e vencedores dos 75 anos da premiação.
Os fãs da televisão e das séries norte-americanas puderam se esbaldar já no início com a emocionante presença da atriz Christina Applegate (indicada pela série Dead to Me), interrompendo a aposentadoria precoce devido ao diagnóstico de esclerose múltipla para apresentar a pioneira comediante Carol Burnett.
A partir daí, a cerimônia reuniu, ao longo da noite, elencos de séries de sucesso como Cheers, Família Soprano, Ally McBeal e até Grey’s Anatomy, além de homenagens às clássicas Além da Imaginação e I Love Lucy. O tom emotivo teve seu ápice no momento In Memoriam, encerrado com a imagem do ator Matthew Perry, enquanto Charlie Puth, acompanhado do duo The War and Treaty, cantavam a já clássica I’ll be there for you, canção-tema do seriado Friends.
O excesso de nostalgia pode tornar cerimônias de premiação um tanto pedantes ou saudosistas, mas o Emmy conseguiu executar suas bodas de brilhante com competência e elegância. Não foi uma noite especialmente genial ou surpreendente, mas foi minimamente divertida – e, o mais importante, mesmo com as dezenas de prêmios, pouco arrastada, ao contrário do desastroso Globo de Ouro deste ano.