Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de janeiro de 2020
Dimitri Medvedev (E), ex-primeiro-ministro da Rússia, e Vladimir Putin, o presidente, em reunião governamental nesta quarta-feira
Foto: Sputnik/Alexey Nikolsky/KremlinO primeiro-ministro da Rússia, Dimitri Medvedev, apresentou a renúncia de seu governo ao presidente Vladimir Putin, nesta quarta-feira (15), um anúncio inesperado feito após o discurso do chefe de Estado sobre reformas da Constituição.
“Nós, enquanto governo da Federação da Rússia, devemos dar ao presidente do nosso país os meios de tomar todas as medidas que se impõem. É por esse motivo que o governo, em seu conjunto, entrega sua demissão”, afirmou Medvedev, segundo agências russas de notícias.
Mais cedo, Putin propôs uma votação nacional sobre mudanças constitucionais abrangentes que devem transferir poderes da presidência ao Parlamento e ao primeiro-ministro, uma medida que poderia lhe permitir continuar no comando do país depois de deixar o Kremlin.
No poder como presidente ou primeiro-ministro desde 1999, Putin, de 67 anos, deve sair em 2024, quando seu quarto mandato presidencial termina. Ele ainda não disse o que planeja fazer ao final deste período, mas pela Constituição atual, que proíbe que qualquer pessoa cumpra mais de dois mandatos presidenciais sucessivos, Putin está impedido de voltar a concorrer de imediato.
Discurso anual
Putin disse à elite política do país na quarta-feira, por ocasião de seu discurso anual do Estado da Nação, que é a favor de uma mudança da Constituição para dar à Duma, a câmara baixa do Parlamento, o poder de escolher o premiê e outros cargos.
“É claro que existem mudanças muito sérias no sistema político”, disse ele, acrescentando que acredita que o Legislativo e a sociedade civil estão prontos para as mudanças. “Isso aumentaria o papel e o significado do Parlamento do país, dos partidos parlamentares, e a independência e responsabilidade do primeiro-ministro”.
Especula-se que ele cogite várias opções para se manter no leme, como transferir poder ao Parlamento e assumir um papel mais destacado de primeiro-ministro.