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Brasil Preocupada com o impacto que a aproximação do governo Jair Bolsonaro com Israel pode ter sobre as exportações brasileiras, a ministra da Agricultura planeja organizar um jantar com dezenas de embaixadores de países árabes e de expressiva população islâmica

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A ministra irá em maio à China, em uma missão oficial para fortalecer mercados que incluirá também passagens por Japão, Vietnã e Indonésia. (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

Preocupada com o impacto que a aproximação do governo Jair Bolsonaro com Israel pode ter sobre as exportações brasileiras, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, planeja organizar um jantar com dezenas de embaixadores de países árabes e de expressiva população islâmica.

Interlocutores nas embaixadas e no Ministério da Agricultura afirmaram à Folha de S.Paulo que a agenda está sendo preparada para 10 de abril, poucos dias depois do retorno de Bolsonaro de sua visita oficial a Israel.

O objetivo é “contrabalançar” a viagem do presidente, que embarcou no início da tarde deste sábado (30) e tem retorno programado para quarta (3/4). O convite da ministra aos embaixadores visa contornar o mal-estar que a nova política de alinhamento do Brasil aos israelenses nas questões do Oriente Médio tem causado nesses países.

Entre as embaixadas convidadas há parceiros comerciais importantes, como Egito e Arábia Saudita, além de diplomatas de Marrocos, Líbano, Síria, Nigéria, Turquia, Malásia e Indonésia, entre outros.

O maior incômodo entre os países árabes é a promessa de Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém — movimento feito apenas pelos Estados Unidos de Donald Trump e pela Guatemala até o momento.

Na prática, isso significaria um respaldo às ambições de Israel de ter Jerusalém reconhecida como capital. Marcaria também o rompimento da posição do Brasil até então: a de que o status final de Jerusalém só deve ser definido após negociações de paz que assegurem a coexistência de dois Estados (Israel e Palestina).

Às vésperas de embarcar para Israel, Bolsonaro diminuiu o tom e disse que “talvez” o Brasil abra um escritório de negócios em Jerusalém, um gesto de menor impacto.

Entretanto, esse não é o único tema que tem desgastado a relação com os países árabes. Muitos deles se incomodaram com o rompimento da tradicional postura do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Na sexta-feira (22), o País se posicionou a favor de Israel na votação de duas resoluções do órgão que tratavam de territórios reivindicados pela Síria e pelo governo palestino.

A ministra da Agricultura está preocupada que esse novo alinhamento com Israel afete as exportações de proteína animal brasileira para os países árabes. O Brasil é o maior exportador mundial de carne halal, em que os animais são abatidos seguindo preceitos da religião muçulmana.

Em 2018, o País registrou receita de US$ 6 bilhões com a exportação de carne de frango, sendo que 37,2% do montante foi vendido para países árabes. Essas nações também compraram US$ 1,1 bilhão em carne bovina do Brasil no ano passado.

Desde que assumiu o ministério, Tereza Cristina tem recebido embaixadores do mundo árabe e representantes de entidades internacionais que têm afirmado à ministra que a nova postura do Palácio do Planalto em relação ao conflito entre israelenses e palestinos pode gerar perdas comerciais para o Brasil.

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