Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de janeiro de 2025
O clima era de indignação entre servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) após comunicado da presidência que rebate críticas à gestão, acusa trabalhadores de divulgar mentiras, sinaliza ir à Justiça e nega decisões individuais sem participação do conselho diretor.
Dezenas de comentários foram feitos no perfil oficial do IBGE em uma rede social. “Uma gestão que trata os servidores de carreira, profissionais competentes e experientes que trabalharam a vida toda no IBGE como birrentos e os chamando de mentirosos dessa forma”, dizia uma mensagem.
“As pessoas estão muito indignadas, sem esperança mesmo de que as coisas possam mudar”, afirmou ao jornal Valor Econômico um servidor.
Presidido pelo economista Márcio Pochmann desde agosto de 2023, o instituto vive uma crise interna desde setembro. O comunicado recém-divulgado trata das demandas levantadas pelos trabalhadores do IBGE no período e aponta a intenção de “esclarecer à sociedade brasileira a respeito de conflitos de interesses individuais e particulares frente à missão institucional do IBGE”.
“São condenáveis os ataques de servidores e ex-servidores, instituições sindicais, entre outros, que têm espaço na internet e em veículos de comunicação para divulgar mentiras sobre o próprio IBGE”, afirma o texto.
Os conflitos internos no IBGE se acirraram na semana passada, com o pedido de exoneração dos cargos da então diretora de pesquisas, Elizabeth Hypolito, e o diretor-adjunto, João Hallack. Há informações de que a diretora de geociências, Ivone Batista, também pretende deixar a função.
No texto da presidência, a suspeita sobre possível manipulação de dados é vista como “ataque direto à credibilidade do IBGE” e a direção “seguirá exemplo dado por Supremo Tribunal Federal e Advocacia-Geral da União, que vêm enfrentando judicialmente a desinformação e as mentiras.”
O sindicato nacional de trabalhadores do IBGE alega que a saída de Hypolito e Hallack foi influenciada por “desgaste com a gestão de Pochmann, que vem tomando decisões unilaterais, sem a devida participação da diretoria de pesquisa (DPE) e de alguns outros membros do conselho diretor”.
Uma das principais críticas é a criação da Fundação IBGE+, mas há outras questões em pauta, como o fim do teletrabalho integral; e a transferência de parte dos servidores para edifício com acesso limitado por transporte público.
Sobre a Fundação IBGE +, o texto nega decisões unilaterais e afirma que houve debates e os diretores e diretoras do conselho acompanharam as discussões, aprovaram os documentos e assinaram a ata de criação, aprovada por unanimidade.
No comunicado, a presidência defende a Fundação IBGE por “permitir busca de recursos não orçamentários essenciais para a urgente e imprescindível modernização e fortalecimento tecnológico”. Esta semana o sindicato divulgou carta em que alerta sobre riscos da Fundação IBGE+ para “a soberania geoestatística brasileira”.
Sobre os outros dois pontos de insatisfação dos trabalhadores, a presidência do IBGE destacou que quase todos os institutos de estatísticas retornaram ao trabalho presencial até 2023. A volta gradativa ao modelo de trabalho começou em gestões anteriores e, em agosto, foi determinado retorno presencial em dois dias por semana. Na época do anúncio, o sindicato reclamou do prazo curto de implementação da mudança de regime de trabalho. O comando do IBGE também justifica que a mudança de prédio busca aplicar melhor os recursos públicos. As informações são do jornal Valor Econômico.