Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2022
O presidente argentino, Alberto Fernández, realizava reuniões e telefonemas neste domingo (3) em busca de um novo ministro da Economia após a renúncia de Martín Guzmán, o que aprofundou a crise política no país.
O nome do novo ministro era esperado para ser anunciado ainda neste domingo, embora o governo nada tenha dito. “Nenhuma notícia”, disse uma porta-voz à Reuters diante do silêncio oficial.
A disputa de poder na coalizão governista com o confronto público entre Fernández e sua influente vice-presidente Cristina Kirchner – o que poderia agravar as dificuldades financeiras e acelerar a inflação alta – está prejudicando o cenário, concordam analistas.
“Estamos enfrentando uma crise política complexa, agravada pela luta pelo poder. Quem assumir o ministério terá uma tarefa complicada”, disse Rosendo Fraga, analista político.
Outro colega seu enfatizou que “Alberto Fernández está em um dia-chave em que deve acertar o nome de seu ministro da Economia, mas ele deve ter consenso político e apoio para tomar medidas urgentes em uma situação complexa” na Argentina.
A saída de Guzmán no sábado tomou de surpresa o governo de centro-esquerda, que está registrando os mais baixos índices de aprovação após assumir no final de 2019.
A Argentina enfrenta uma inflação mínima projetada de 70% até 2022, déficit fiscal elevado, emissão de moeda e colapso do mercado, colocando a terceira maior economia da América Latina entre as piores entre as nações emergentes.
Uma fonte do governo disse à Reuters no sábado que a saída de Guzman se deveu à falta de apoio político que ele sentiu para aprofundar uma série de medidas, no momento em que o risco-país atingiu um recorde histórico.
Em carta endereçada a Fernández publicada no Twitter, Guzmán não especificou os motivos que levaram à decisão, mas defendeu a política econômica adotada desde que tomou posse, em 2019. Em particular, o economista de 39 anos enfatizou os desafios na reestruturação da dívida externa, que vinha sendo duramente criticada por Kirchner.
“Jogamos muito duro, com ações concretas, a grande maioria invisíveis ao público devido às características do problema a ser resolvido, e não com retórica inconsequente”, escreveu.
Em sua carta, Guzmán buscou apresentar uma retrospectiva da sua gestão à frente do ministério, a começar pela recessão deflagrada pela pandemia de coronavírus. Segundo ele, as autoridades argentinas trabalharam para mitigar o “golpe tremendo” causado pela covid-19. “Quando mais necessitava do Estado para conseguir proteger o tecido social e produtivo da nação, nos encontramos com um Estado profundamente debilitado”, pontuou. As informações são da agência de notícias Reuters e do jornal O Estado de S. Paulo.