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Presidente da Anvisa diz que o Ministério da Saúde precisa justificar a manutenção de “estatística macabra” de morte de crianças

"Nós temos 301 crianças mortas na faixa de 5 a 11 anos desde que a covid começou", declarou Barra Torres. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Na esteira de ataques à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o diretor-presidente do órgão, Antonio Barra Torres, classifica como “estatística macabra” as 301 mortes de crianças no Brasil desde o início da pandemia.

Para o contra-almirante da reserva e cirurgião vascular, o Ministério da Saúde deve explicar as razões pelo atraso à imunização do grupo, liberada desde a semana passada.

“Eu entendo que o ministério precisa apresentar à sociedade a justificativa do porquê de nós mantermos inalterada uma estatística macabra. Nós temos 301 crianças mortas na faixa de 5 a 11 anos desde que a covid começou até o início do mês de dezembro. Nesses 21 meses, numa matemática simples, nós teríamos um pouquinho mais de 14 mortes de crianças ao mês, praticamente uma a cada dois dias”, disse Barra Torres, em entrevista ao jornal O Globo.

A Saúde só deve se manifestar sobre o assunto em 5 de janeiro, após uma consulta pública inédita, não realizada para as demais faixas etárias. A aprovação do imunizante para o grupo intensificou as ameaças a diretores e funcionários, que passaram a receber ataques ainda em outubro.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que não há emergência em vacinar crianças de 5 a 11 anos contra a covid.

Na média, é como se o coronavírus causasse uma morte de crianças a cada dois dias. O ministério só pretende se pronunciar a respeito do tema em 5 de janeiro, após uma consulta pública inédita à sociedade, não realizada para as demais faixas. A aprovação intensificou as ameaças a diretores e funcionários.

Entre os mais de 170 telefonemas e mensagens, há promessas de morte, de humilhação, de perseguição e de violência. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defenderam a divulgação do nome dos servidores que liberaram a vacina, o que Barra Torres considera uma tentativa de intimidação fruto de “puro alinhamento político”.

“Chama-se alinhamento político. O ministério é um órgão de governo. Eu digo sempre: eu estou trabalhando com o ministro de número 4. Eu estava no cargo (de chefe da Anvisa) e três ministros já entraram e saíram. Este é o número 4. O que nós estamos vendo é o perfeito alinhamento político. É isso que explica o que está acontecendo.”

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