Segunda-feira, 03 de março de 2025
Por Redação O Sul | 2 de março de 2025
Presidente sinaliza a possibilidade de fazer acordo bilateral com os EUA para comércio
Foto: ReproduçãoO presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a ameaçar retirar o país do Mercosul, uma união fundada em 1991 por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, à qual se juntou a Bolívia em 2023. Segundo ele, o bloco só serviu para enriquecer industriais brasileiros e empobrecer os argentinos. A declaração ocorreu nesse sábado (1º), durante a abertura do Congresso argentino em 2025.
“O primeiro passo nesta trilha é a oportunidade histórica que temos de entrar em um acordo comercial com os EUA. Para aproveitar esta oportunidade histórica que nos é apresentada novamente, é necessário estar disposto a flexibilizar ou mesmo se for o caso sair do Mercosul, que a única coisa que conseguiu desde a sua criação é enriquecer os grandes industriais brasileiros às custas do empobrecimento dos argentinos”, afirmou.
Em janeiro, Milei havia dito em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial, que estava pronto para sair do Mercosul se isso fosse necessário para conseguir um pacto de livre comércio com os Estados Unidos. “Se a condição extrema fosse essa, sim”, comentou.
Acordo com o FMI
Diante de pouquíssimos legisladores presentes, Javier Milei tentou projetar uma imagem otimista de sua reforma econômica, após um primeiro ano de mandato desagregador e uma recente onda de controvérsias.
Em um discurso que agradou sua base de direita, mas incluiu pouco de novo em termos de políticas, o presidente prometeu à nação que, nos próximos dias, pediria ao Congresso que apoiasse o governo no novo acordo com o FMI.
Ele destacou o sucesso do governo em reduzir a taxa de inflação mensal, que atingiu 26% em dezembro de 2023, quando ele assumiu o cargo, para pouco mais de 2% em janeiro, além de ajudar o país a sair de uma recessão.
O presidente argentino também disse que Elon Musk, conselheiro de Trump e chefe do Departamento de Eficiência Governamental, se inspirou em ações do seu governo.
“Hoje os olhos do mundo se voltam para a Argentina depois de muito tempo e, em alguns casos, até tomam nota do trabalho que fizemos para aplicá-lo em seus próprios países, como está fazendo Elon Musk à frente da pasta de desregulamentação dos EUA. Não é pouca coisa o que Elon está fazendo com a motosserra. Desta vez, em vez de ir na contramão do mundo, a Argentina está na vanguarda do mundo”, disse o libertário.
Sem detalhes
Milei não forneceu mais detalhes sobre o suposto novo acordo de financiamento com os EUA – um plano que seu governo busca há meses para ajudar a levantar os rígidos controles de capital e câmbio da Argentina, na esperança de colher os benefícios de suas reformas de mercado livre, que resultaram no ano passado no primeiro superávit fiscal da Argentina em 14 anos.
O FMI, encorajado pelos progressos de Milei, mas cauteloso quanto à sustentabilidade de sua austeridade, tem ponderado se deve emprestar mais dinheiro à Argentina, seu maior devedor, com um histórico de inadimplência e ainda com uma dívida superior a US$ 40 bilhões pelo seu programa mais recente, que terminou em dezembro.