Segunda-feira, 16 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de dezembro de 2024
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, enfrentou críticas nesse sábado (14) após ter concedido a cidadania italiana ao presidente da Argentina, Javier Milei, durante uma visita oficial do argentino a Roma. Políticos da oposição compararam o tratamento oferecido a Milei com a dificuldade enfrentada por pais imigrantes de acessar o mesmo direito para os filhos nascidos na Itália.
Meloni recebeu o presidente argentino no Palazzo Chigi, em Roma, na sexta-feira (13), para uma reunião bilateral com foco em cooperação comercial, judicial e de segurança. Na ocasião, ele foi informado pela premiê que recebeu o status de cidadão italiano.
Três avós de Milei eram italianos e emigraram da Itália para a Argentina no início do século 20. Há alguns meses, Milei declarou que era “75% italiano”. Segundo a agência de notícias italiana Ansa, a análise da cidadania do presidente argentino correu por meio de um processo acelerado e exclusivo. A irmã de Milei, Karina, que é Secretária Geral da Presidência da Argentina, também recebeu o benefício.
Milei também está no país europeu para participar de um festival organizado pelo partido de ultradireita da premiê, o Irmãos da Itália. No mês passado, o argentino deu a Meloni uma estatueta de si mesmo segurando uma serra elétrica – em referência a uma cena protagonizada por ele durante a última campanha eleitoral.
Crítica por discriminação
Um parlamentar do partido de oposição +Europa, Riccardo Magi, disse que a concessão da cidadania a Milei foi um “insulto” e um ato de “discriminação intolerável contra tantos jovens que só a obterão depois de muitos anos”.
O direito à cidadania italiana é passado por laços consanguíneos, ou seja, não basta nascer no país para ser oficialmente italiano. Para solicitar a cidadania por naturalização, imigrantes precisam viver na Itália por pelo menos 10 anos. Já crianças que tenham nascido em território italiano, mas que tenham pais estrangeiros, não são elegíveis para solicitar a cidadania antes de completarem 18 anos.
Partidos de oposição e a sociedade civil têm feito uma campanha para reduzir este período de 10 para 5 anos, em um movimento similar ao feito pela Alemanha, mas a coalizão de Meloni é contra qualquer flexibilização das regras sobre migração.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Magi disse que para “milhões de italianos sem cidadania que nasceram na Itália, que cresceram em nosso país, que estudaram aqui, que trabalham aqui, que pagam impostos em nosso país – ao contrário do presidente Milei – ter a cidadania italiana continuará sendo uma provação”. As informações são do portal de notícias G1.