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Presidente da Caixa Asset é demitido

A Caixa articulava a compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master; compra de "alto risco". (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Alvo de uma série de denúncias de abuso de poder, “comportamento não condizente com o ambiente de trabalho” e “desleixo, preguiça, falta de atenção, falta de zelo, negligência e descaso”, que estavam sendo apuradas pela corregedoria interna, o CEO da Caixa Asset, Pablo Sarmento, foi destituído do cargo.

Em comunicado ao mercado, a Caixa Asset informou ” à sociedade brasileira, aos seus clientes e empregados, e ao mercado em geral que o Conselho de Administração destituiu ad nutum o senhor Pablo Costa Sarmento do cargo de diretor-presidente desta instituição”.

Segundo a Caixa Asset, enquanto ocorre a seleção do novo dirigente, o diretor de distribuição e produto, Heitor Souza Cunha, responderá interinamente pela presidência. A Caixa Asset é uma divisão do banco estatal criada em 2021 durante a gestão de Pedro Guimarães e sob o governo Jair Bolsonaro.

Conforme a jornalista do Jornal o Globo Malu Gaspar, foram feitas 30 denúncias sobre a Caixa Asset no período em que o braço de gestão de ativos do banco estatal articulava a compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master. As acusações foram apresentadas no canal interno da Caixa, geralmente de forma anônima, para preservar os funcionários denunciantes.

Boa parte das denúncias envolve diretamente Sarmento por conta de sua atuação na negociação com o Master. Dentro da Caixa, o número de denúncias envolvendo os mesmos fatos é considerado alto e incomum.

Gerentes perderam cargo

A área de renda fixa da Caixa Asset desaconselhou enfaticamente a compra dos títulos do Master em um parecer sigiloso de 19 páginas. A operação foi considerada “atípica” e “arriscada” não só em razão do valor, considerado alto demais, mas também por causa do rating do banco, considerado de médio risco.

Dois gerentes que se opuseram à operação de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master acabaram destituídos do cargo, em um movimento que foi interpretado nos bastidores como retaliação e tentativa de eliminar as resistências internas ao negócio, que acabou não sendo concluído.

Perderam os cargos os gerentes Daniel Cunha Gracio, de renda fixa, que assina o parecer, e Maurício Vendruscolo, de renda variável, que também avalizou o documento.

As letras financeiras emitidas pelo Banco Master que a Caixa considerava comprar previam uma rentabilidade de 130% do CDI ao ano no prazo de 10 anos. (AG)

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