A Câmara dos Deputados instalou nessa quarta-feira (19) o seu Conselho de Ética. Se depender de Arthur Lira, o grupo terá bastante trabalho pela frente. É que em reuniões reservadas, Lira disse a líderes que quer punir três deputados de cada lado.
A presidência da Câmara anda incomodada com as agressões verbais entre bolsonaristas e governistas especialmente em reuniões de comissões com sabatinas de ministros. A avaliação é de que as baixarias não mancham as imagens dos parlamentares individualmente, mas sim da Câmara. E Lira quer dar um freio nessas situações.
Em várias reuniões de líderes, o presidente já sinalizou que não vai impedir o direito de deputados falarem o que querem, mas que as falas – se desrespeitosas – podem ter consequências. Por isso, a ideia de dar um exemplo. E punir três deputados bolsonaristas e três governistas para ver se o exemplo acaba com situações desse tipo.
Apesar de o regimento interno da Câmara prever até mesmo cassação de mandato, há opções mais brandas de punição como advertências por escrito e suspensão por até seis meses – sem direito a salário.
No bolsão de apostas, líderes acreditam que um dos punidos deve ser o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) que, além de ser um dos mais acalorados deputados, cometeu um ato transfóbico em plenário no dia 8 de março, que foi repreendido por Lira em uma rede social.
Facada
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) partiu para cima do deputado Dionilso Marcon (PT-RS) durante reunião da Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados nessa quarta.
A confusão se iniciou após Bolsonaro fazer críticas à esquerda. Ele então relembrou o episódio em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu pai, sofreu uma facada durante as eleições de 2018.
“A esquerda pode enganar aos outros, mas a nós aqui, que já inclusive tomamos facada de ex-membro do PSOL, não engana”, disse o parlamentar.
O microfone da transmissão oficial da Câmara não capta, mas Bolsonaro passa a alegar que Dionilso Marcon teria classificado como uma farsa o episódio envolvendo o ex-presidente. Em outros vídeos de redes sociais, é possível ver o petista insinuando que a facada foi fake.
“Dar uma facada no seu bucho, eu quero ver o que você vai fazer, seu Zé. Vai te catar, rapaz. Vire homem”, dispara Bolsonaro contra o colega. Logo em seguida, o filho do ex-presidente se levanta e parte para cima de Marcon, mas é contido por seguranças antes que chegasse à mesa do petista.
Antes de deixar a reunião, Eduardo Bolsonaro profere uma série de ofensas homofóbicas a Marcon e fala “te enfio a mão na cara”.