Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de julho de 2015
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta sexta-feira (17) seu rompimento político com o governo Dilma Rousseff. Segundo Cunha, a partir de agora ele passará a integrar as fileiras de oposição à gestão petista. “Eu, formalmente, estou rompido com o governo. Politicamente estou rompido”, enfatizou Cunha em coletiva na Câmara.
O peemedebista acusa o Palácio Planalto de ter se articulado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para incriminá-lo na Operação Lava-Jato, que investiga o escândalo da Petrobras. Nesta quinta-feira (16), o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo relatou à Justiça Federal do Paraná que Cunha lhe pediu propina.
Um dos delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, Camargo afirmou em seu depoimento, em Curitiba, que foi pressionado por Cunha a pagar 10 milhões de dólares em propinas para que um contrato de navios-sonda da estatal fosse viabilizado. Do total do suborno, contou o ex-consultor, Cunha disse que era “merecedor” de 5 milhões de dólares.
Camargo afirmou à Justiça que, sem ter recurso para pagar a propina exigida, Cunha o ameaçou com um requerimento na Câmara, solicitando que os contratos dos navios-sonda fossem enviados ao Ministério de Minas e Energias para avaliação e eventual remessa para o TCU (Tribunal de Contas da União).
Apesar das duras críticas desferidas contra o governo durante a entrevista, o presidente da Câmara afirmou que o rompimento não significa que haverá o “fim da governabilidade”. “O fato de eu estar rompido com o governo não vai afetar a relação institucional”, complementou o peemedebista. Ele assegurou que continuará a pautar os projetos, inclusive, de interesse do Planalto. Mas fez um alerta: “Saiba que o presidente da Câmara agora é oposição ao governo”.
Balanço
Após Eduardo Cunha prometer que iria romper com o governo federal, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), desmarcou entrevista que concederia nesta sexta-feira para fazer um balanço das atividades do semestre. O Congresso entrará em recesso parlamentar na segunda-feira (20) e só retomará suas atividades em agosto.
Oficialmente, Calheiros alega que decidiu não falar no mesmo horário que Cunha, que marcou entrevista coletiva com o objetivo de formalizar sua decisão de romper com o Executivo. Nos bastidores, porém, Calheiros confidenciou a interlocutores que prefere manter-se em silêncio temporariamente. Ao contrário de Cunha, o estilo do presidente do Senado não é de partir para o ataque ao Palácio do Planalto verbalmente. Calheiros tem preferido retaliar a presidente Dilma Rousseff em votações e manobras no Senado.