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Política Presidente da Câmara dos Deputados “bate na mesa” após deputadas insistirem sobre votação de projetos com urgência

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Hugo Motta decidiu pautar apenas os temas da bancada feminina no próximo dia 25 de março. (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)

Conhecido pelo perfil afável, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (REP-PB), teve um rompante de irritação na reunião de líderes dessa quinta-feira (13). Segundo participantes da reunião, Motta se irritou após apelos de deputadas mulheres pela votação de projetos da bancada feminina com urgência e chegou a bater na mesa.

A líder da federação PSOL-Rede, Talíria Petrone (PSOL-RJ), que fez o apelo, se emocionou e disse a interlocutores que chegou a chorar na reunião. Líderes que estavam no momento vão sugerir a Motta que peça desculpas à parlamentar.

Comissões

Desde o início do seu período no comando da Câmara, Hugo Motta tem evitado pautar projetos em regime de urgência, para valorizar o trabalho das comissões. Na reunião dessa quinta, líderes tratavam das pautas que serão analisadas nas próximas semanas.

Tradicionalmente, a Câmara analisa no mês de março projetos de lei em defesa aos direitos da mulher e que são consensuais entre partidos de diferentes espectros políticos, como PL e PSOL.

A deputada Iza Arruda (MDB-PE) representava a bancada feminina na reunião. Ela apresentou uma lista com 11 propostas, todas de consenso, para serem apreciadas. Mas, ao ler a lista, participantes da reunião disseram que Motta apontou que apenas cinco tinham parecer. E que não faria sentido votar em regime de urgência as outras seis – que ainda não haviam sido analisados nas comissões – já que o presidente tem evitado votar propostas em urgência no Plenário.

A representante da bancada feminina e a líder da federação PSOL-Rede justificaram que, como o procedimento foi modificado este ano e as comissões ainda não foram instaladas, não houve tempo para análise dos temas pelos colegiados. E defendiam que, neste caso, fosse aberta uma exceção.

Talíria argumentou que os projetos eram necessários, uma vez que já há uma subrepresentação feminina, inclusivo no Parlamento. E citou que entre diversos líderes havia apenas duas mulheres presentes na reunião.

Neste momento, segundo os presentes, Hugo Motta se irritou, bateu na mesa e afirmou que “se for assim, não precisa mais existir comissões nem reunião de líderes. Cinco projetos já estão de bom tamanho. Se é o mês das mulheres, vamos votar os projetos que estão prontos para ir a Plenário”. Foi nesse momento que Talíria ficou com os olhos cheios d’água. Outros líderes saíram em defesa de Motta.

Consenso

No ano passado, 18 propostas apresentadas pela bancada feminina foram colocadas em pauta no mês de março durante a gestão do então presidente Arthur Lira (PP-AL).

Apesar da crise, Hugo Motta decidiu pautar apenas os temas da bancada feminina no próximo dia 25 de março – mas com menos proposições do que o que foi proposto pelas deputadas.

No fim da reunião, líderes como Túlio Gadelha (Rede-PE), Lindbergh Farias (PT-RJ), Doutor Luizinho (PP-RJ) e Pedro Campos (PSB-PE) conversaram sobre a possibilidade de sugerir a Motta que se retratasse com Talíria. O presidente da Câmara tem cobrado que os parlamentares se respeitem nas sessões e sugerido que se desculpem em caso de excessos. (Blog do Camarotti/Portal G1)

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